quarta-feira, 25 de março de 2015

Só mais duas semanas e um dia



25 de Março

O traçado desta manhã


Luísa, por favor, ajuda a mãe. Lembraste das médicas dizerem que se chegássemos às 34 semanas estáveis que íamos para casa? Lembraste?
Por isso, manda as contrações darem uma volta, para de agarrar o cordão umbilical e não nades tanto aí dentro, que fico nervosa e penso logo que estás a querer sair.

Estamos aqui há 22 dias. Eu sei que para ti é igual estarmos aqui ou em casa, mas para mim não, sabes? Eu gostava de ir ver como está o teu quarto que o pai anda a montar sozinho e queria ver as nossas malas da maternidade que a avó C. fez esta semana. Queria também poder ir a casa alguns dias (ou com sorte semanas) antes de tu nasceres que esta contagem decrescente até às 34 semanas está a custar bastante. Queria apanhar um solzito na nossa varanda e esticar-me no nosso sofá a ver o 24Kitchen e a FoxLife antes que a minha vida passe a ser mudar fraldas e dar de mamar o dia inteiro. Também queria poder ganhar mais alguma autonomia e não ter de precisar de ajuda para as refeições.

Que a nossa “aldeia” não me leve a mal, mas estou tão cansada de visitas. Só queria ter uns dias para mim, para estar com o teu pai mais do que a meia hora diária das visitas, para saborear a nossa casa. Decididamente não devo ser uma “doente” fácil, mas que queres? Olha sou assim. Estar numa cama ou num sofá e ter pessoas à minha volta, como que a adorar o Menino Jesus mexe comigo.

No mundo perfeito da minha cabeça temos alta às 34 semanas. Vamos para casa. Tu ainda na minha barriga. Vamo-nos portar tão bem, que vais aguentar pelo menos até ao final de abril para nascer. Vamos descansar muito e ver muitos filmes. Antes desta estadia deixamos a meio o Star Wars e ainda faltam os três últimos episódios para rever. O pai vai mandar vir uma mega pizza do Mimo´s e vai-nos trazer um Mangum framboesa, daqueles que dão na televisão. A mãe vai puder terminar os livros que quer ler antes de nasceres, sobretudo o Grande Livro do Bebé que já deve vir a caminho, no correio.

E é a tudo isto e muito mais que a mãe se agarra todos os dias para aguentar este internamento que cada dia que passa é mais difícil de suportar, sobretudo quando começamos a ver colegas de quarto a irem embora e a ficarmos sozinhas. A moral aqui no quarto começa a ficar em baixo.

Luísa não sejas apressada e aguenta mais duas semanas e um dia, está bem? A mãe quer ir a casa.

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