terça-feira, 25 de abril de 2017

Dizê-lo em voz alta: Meningite



25 de Abril

ME-NIN-GI-TE. Meningite. Ainda hoje me arrepio sempre que ouço esta palavra, mas foi a realidade que tivemos que enfrentar logo nos primeiros dias de vida da Luísa. Ainda hoje consigo sentir no meu corpo o efeito que a palavra teve, quando a ouvimos da boca da médica na Neonatologia.

Como é que a minha bebé pequenina de 2,280kg podia ter meningite? Como?
As perguntas eram tantas, mas as respostas eram poucas e ainda hoje não temos certezas a 100% do que lhe terá provocado a meningite, embora o facto de que a Luísa ter nascido com uma sépsis seja em princípio a explicação.

Lembro-me que no dia a seguir à Luísa nascer nem conseguia atender telefonemas. Estava tão entalada, tinha tanto medo, que podia desabar a qualquer momento e eu não queria isso. Então a nossa opção foi contar a realidade a meia dúzia de pessoas, daquelas que nos dão ânimo e muita força, sem estarem com perguntas constantes ou comentários que só nos fariam ter vontade de atirar ao chão. Tínhamos 45,5cm de gente numa incubadora e isso é que importava. Era para essa pessoa pequenina que as nossas energias tinham de ir. Como devem entender as nossas cabeças estavam tão cheias de dúvidas, tão cheias de incertezas quanto ao futuro, que ter de responder a essas perguntas em voz alta era assustador, não podíamos despender dessa energia.

Os dias foram passando e exame atrás de exame tudo era um “nim”. Algumas coisas foram logo detetadas, outras não. Começaram logo de início com antibióticos, a Luísa só pôde beber umas gotinhas do meu leite alguns dias depois de nascer, volta e meia vinha a médica fazer-lhe as ecos à cabeça. E nós de coração apertadinho.

Ela lá foi melhorando até ir para a Pediatria, como vocês sabem, e numa das noites em que o J. me revezou para vir a casa dormir umas horas numa cama (e não num cadeirão) decidi pegar no livro – sim, porque nestas coisas não gosto de procurar respostas na Internet – do Mário Cordeiro e ler sobre a meningite. Quando li as sequelas que podia originar já não dormi o resto da noite. Lesões cerebrais, problemas renais, surdez, etc.

As médicas iam-nos dizendo que a evolução da Luísa era boa, mas nunca garantiam nada a 100%. Para melhorar o meu dia a dia, comecei a notar que a Luísa não reagia a estímulos sonoros do lado direito e lá começaram os macaquinhos na cabeça. No dia em que ela foi fazer o teste auditivo, aquele percurso desde a Pediatria até às consultas externas pareceu-me um calvário. Era como se o nosso futuro pudesse ser decidido dali a uns minutos. Na minha cabeça comecei logo a fazer planos. Um problema auditivo não era o fim do mundo, não íamos deixar que fosse. Íamos aprender todos língua gestual e fazer os possíveis e os impossíveis para que a Luísa se integrasse no seu meio, sem fazer dela uma pessoa diferente. Naqueles minutos tracei logo o plano.
Felizmente tudo estava bem. Ela ouvia dos dois ouvidos e dos seguintes testes que já fez até ao momento está tudo bem.

Gosto de dizer que com a ajuda dos médicos e de Deus a minha Apressada lutou e venceu. E quem a conhece já nem se lembra que a meningite andou naquele corpo. Ela ri, ela canta, ela dança, conta histórias, repete tudo o que nós dizemos, faz birras, conta até 10 e do 10 ao 20 os números são pela ordem que ela quer, sabe o nome e os sons dos animais, adora dar miminhos e abracinhos apertadinhos. É uma criança saudável e normal.

O pesadelo da meningite foi superado, mas é uma questão MUITO importante.
Por isso, informem-se sobre o tema. Leiam livros ou consultem sites fidedignos na Internet. Não vão a fóruns, a não ser que sejam moderados por entidades competentes e acreditadas. A não informação na Internet é uma praga. Aprendam a identificar os sintomas e mesmo que vos dê um aperto na barriga – como a mim ainda me dá – procurem saber o que é a meningite.
E, sobretudo, vacinem os vossos filhos, porque no que toca à saúde, mais vale prevenir do que remediar. A Luísa tem as vacinas da meningite tomadas, quer as do Plano Nacional de Vacinação, quer a que a Pediatra aconselhou. Vale a pena.

#WinForMeningitis
http://www.prevenirameningite.pt/