quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Que 2016 chegue apressadinho



31 de Dezembro

Estamos no último dia do ano. E que ano! 2015 amassou-me um bocado, fez de mim gato sapato e ainda hoje ando a apanhar peças do ano que tive. Nunca mais se é a mesma. O mundo muda.

Mas também nunca mais fui a mesma, porque fui mãe, minha Apressada. Aquelas frases feitas que se associam à maternidade eu podia usá-las todas aqui, porque são verdade. És a minha coisa mais preciosa.

E agora que estou aqui a velar o teu sono – acordaste com tosse e já estás a dormir há mais de 20 minutos??? Ui, que palpita-me que vem aí bicharoco para estragar o último dia do ano – e a olhar para ti, penso no que passamos juntas nos últimos meses e, sinceramente, só quero que 2015 acabe rápido.

Quero quebrar o ciclo, percebes? Quero que o novo ano entre e traga nova esperança, novas energias, novas conquistas e sem olhar para trás, sem pensar no que já foi. Estou mortinha por te ver a passar novas etapas (achamos que brevemente vais gatinhar…).

Por isso vem 2016 e bem apressadinho, como a minha Luísa.

Bom Ano para todos!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Que a Força esteja com os gémeos



17 de Dezembro

“May the Force be with you” podia bem ter sido o lema para os nossos longos dias de internamento enquanto grávidas, mas por acaso não foi.
Dos meus dois internamentos enquanto grávida de risco muitas outras passaram pela minha vida. Recordo com muito carinho a D. que era a relações públicas do quarto, a M. que todos os dias tinha a visita dos seus meninos cheios de saudades dela, a M. mãe do Tomás (já pus a Luísa na fila de pretendentes ao rapazote) e que mais tarde nos voltamos a encontrar no meu segundo internamento. Já desse segundo regresso ao hospital recordo a A. que falava pelos cotovelos, a mãe do Gustavo que ainda outro dia tive o prazer de conhecer já fora da barriga, a O. que tantos dias penou naquela cama sem se puder levantar a bem das suas meninas e por fim, mas não menos importante, a C., a mãe dos gémeos.
Todas elas me marcaram, mas posso dizer que a C. ficou com um lugarinho especial no meu coração. Também foi a que me teve de aturar mais tempo.

E como é que eu soube que eu e ela, o meu J. e o R. dela nos íamos dar muito bem? Pois foi quando num horário de visitas eu e o J. olhamos para o R. e ele estava a fazer duas babetes para os gémeos com as personagens do Star Wars. Sim, do Star Wars!! Ele não as fez com uns barquinhos ou uns carrinhos ou coisa do género. Não, o R. quis logo mostrar aos gémeos, mal nascessem, que a Força estaria neles e que iam andar com um R2D2 ou um Yoda… a limpar-lhes a baba. Eu espero que eles não me matem por estas confidências, porque no fundo são coisas deles que eu estou aqui a contar a meio mundo, mas o que nós nos divertimos a ouvir o R. dizer que ia fazer a mala de maternidade dos meninos numa mala que ele tem em forma de capacete do Darth Vader. Até nos mostrou a foto da mala, mas depois não sei se a C. o deixou seguir avante com esse plano.

Certo é que os gémeos já foram conhecer a Força que eu vi uma foto deles e as suas babetes a rigor na Comic Con, ao lado do pai vestido de Jedi. Já a C. está com aquela cara de paciência que uma mulher de um fã de Star Wars tem de ter, quando eles insistem em fazer batalhas de lightsabers ou os usam para que os filhos parem de chorar, só de olhar para a luz.

O tema Star Wars foi só um pormenor, na verdade, porque passamos tantos dias juntas (24horas por dia) que muitas outras coisas em comum encontramos.

Das coisas que ainda hoje me lembro e não consigo evitar rir-me com a situação eram as picadas da C. Para além de um problema igual ao meu a C. tinha ainda diabetes gestacional, o que a obrigava a picar-se várias vezes por dia e a ter de seguir uma dieta rígida sem doces e outras coisas que animam os dias de uma grávida internada. Pois bem, (e na esperança de que nenhuma enfermeira ou médica do hospital leia o blog) a verdade é quando a C. comia o que supostamente devia comer os níveis andavam descontrolados. Era o pânico! Mas quando a minha mãe à socapa lhe trazia uma fatia de bolo de chocolate, uns moranguinhos com açúcar ou a C. comia as super doces bolachas dela os valores estavam sempre bem. E, claro, nós divertíamo-nos com a situação. Divertíamo-nos tanto que uma vez o marido de uma grávida que estava connosco nos trouxe de surpresa hambúrgueres e batatas fritas do McDonalds, a C. comeu aquilo e os níveis continuavam bem. Depois era vê-la comer a dieta do hospital e voltar ao drama dos níveis altos de açúcar no sangue.
Quando eu tive alta, ela ainda ficou e só saiu de lá com os seus dois rapagões nos braços. E que rapagões! Ainda hoje penso como é que ela, tão pequenina e magrinha, conseguiu dois belos rapazotes, que nem à Neonatologia tiveram de ir. Daí eu achar que de facto a Força está com os gémeos. Nova geração de Jedis a caminho. Está visto.
Já a nossa Apressada, aqui confesso, que quando nasceu lhe chamávamos a nossa Wookiezinha, em homenagem ao Chewbacca, dada a quantidade de pelo que a rapariga tinha (é normal nos bebés, não se assustem!)

Beijinhos para os quatro e Bom Natal para todos!!

domingo, 13 de dezembro de 2015

Separadas por uma parede



13 de Dezembro

Estar deitada na cama, olhar para o lado e em vez do berço ver as minhas cómodas foi, no mínimo, estranho. É curioso, mas se para a Luísa o cordão umbilical foi cortado no dia do parto, para mim foi cortado no dia em que decidimos que a minha Apressada iria passar a dormir no quartinho dela. Custou-me muito mais a mim esta separação do que a ela.

Durante meses o seu respirar, os seus sonos atribulados, os seus movimentos estiveram ali, lado a lado. Agora a minha pequenita estava do outro lado da parede. No quarto dela. Qual moça independente. Se esta mudança já me custou nem quero imaginar quando daqui a uns anos ela me disser: “Mãe, vou sair de casa!”. Ai!

Como a Luísa a partir dos quatro meses já dormia as noites todas sem acordar começamos a falar no assunto cá em casa. Na minha opinião achava que a devíamos mudar para o quartinho dela aos seis meses e a data ficou mais ou menos estabelecida.

Chegada a altura a verdade é que a minha vontade de me separar da minha pequena era pouca, confesso. Então fomos adiando mais um dia, mais outro, mais outro, arranjando novas desculpas – “ainda faltam as cortinas”; “não penduraste as prateleiras” - até que decidimos que mais cedo ou mais tarde ela teria de ir para o seu quarto e quanto mais cedo fosse melhor para ela e…também para nós.

Assim alguns dias depois de completar os seis meses lá foi ela de malas de bagagens para o seu quartinho de passarinhos na parede. Não sei se foi por se sentir mais em liberdade, mas a rapariga nas primeiras noites passava a vida a descobrir-se, virava-se mais, um forrobodó!
Lá tivemos que lhe vestir mais roupa debaixo do pijama para que não arrefecesse e fazer mais visitas durante a noite para ver como ela estava.



Mas se pensávamos que ia haver berreiro ou sonos desalinhados, nada disso. A Apressada habituou-se logo ao quarto dela e nem um bocadinho de saudades nossas demonstrou ter. Puxando a brasa à minha sardinha, a minha Luísa sai à mãe, gosta cá do espaço dela e nada de apertos.

No nosso caso foi diferente, pelo menos para mim. Custou-me, e ainda me custa, não ter o meu pedacinho de gente ali ao meu lado, mas a vida é mesmo assim e estamos cá para criar uma menina desenrascada e independente e não uma cachopa sempre debaixo das saias da mãe e a dormir no nosso quarto ou cama até aos 18!. Por isso, e como dizia um amigo da mãe quando queria dizer que era preciso avançar: mundo frente! Eu sempre achei muita piada a esta expressão.

Agora o nosso melhor amigo é um intercomunicador da Chicco, que passou a dormir ao nosso lado (o sortudo!) e que nos vai mostrando imagens da nossa menina, agora do outro lado da parede.



terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Tenham calma que eu já me sento



08 de Dezembro

“A Luísa está muito bem. Agora só nos voltamos a ver aos nove meses, quando ela já terá de se sentar e fazer mais algumas coisas”, disse-nos a Dr.ª T. aquando da consulta de Neonatologia no Hospital, aos quatro meses. Eu até nem sou mãe de cismar nas coisas, que se há coisa que um bebé prematuro nos ensina é a viver um dia de cada vez e a celebrar cada vitória, mas aquele excerto não me saía da cabeça quanto mais o tempo passava. “Terá de se sentar”. “Terá de se sentar”. É que o raio da rapariga não se sentava.

Aos seis meses começamos a insistir, mas ela odiava. Em contrapartida adorava estar em pé. Segurávamo-la debaixo dos braços e ela toda feliz a fazer força nas pernas. E veio o sermão da nossa Pediatra! Na consulta de rotina dos seis meses perguntou-me se nós a punha-mos muito de pé. A verdade é que sim. Puxão de orelhas na mãe e a partir daquele dia a ordem era para sentar, estávamos a fortalecer as pernas, quando devíamos era estar a fortalecer-lhe as costas primeiro. Toda a família foi avisava – avós, bisavós, tios, amigos -, a menina tinha de se sentar e nada de a pôr em pé.

Sete meses e nada. Bem a púnhamos rodeada de almofadas, mas ela continuava a não achar piada a estar com o cu no chão. O normal era começar a rebolar para os lados e quando dávamos por ela já estava toda contente de barriga para baixo a brincar. A verdade é que sendo mexida como é estar sentada a limitava muito, não se conseguia arrastar, e ao estar deitada arrastava-se para onde queria ir, normalmente rebolando.

Mas há cerca de uma semana quando a vi sentadinha direitinha e sozinha mais de dez segundos, quis lançar foguetes. Fiquei tão contente, mas tão contente. Eu sei que para uma mãe “normal” é mais uma etapa, mas para mim soube-me a mais uma vitória sobre os “bichos maus” que nos primeiros dias de vida quiseram fazer mal à minha Apressada. Apesar de tudo, o tema sequelas está sempre presente nas nossas vidas. Mas nada de viver em alarme constante, porque como uma vez me explicou a Dr.ª T. do Hospital, o cérebro de um bebé é algo muito maleável e pode ser trabalhado de várias formas para se atingir os objetivos.Só temos de dar o tempo ao tempo.

Por isso, tenham calma (eu, sobretudo!!) que a Apressada já se senta!