sábado, 30 de janeiro de 2016

Miau, fru, fru. Miau, fru, fru.



30 de Janeiro

Há pessoas de gatos e pessoas de cães. Isto em inglês soa melhor, acreditem. E a Luísa parece ser uma pessoa de gatos. Não sei bem que perceção um bebé de nove meses tem dos animais, mas a reação da Luísa hoje ao ver uma gata foi hilariante.

Primeiro ficou a olhar para ela com muita curiosidade e seguia-a com os olhos para todo o lado. Depois começou a esticar os braços em direção à gata e a fazer barulho. Pusemo-la então perto da bichana, mas das primeiras vezes que lhe passou junto levantou os pés, como quem diz “o que é isto a encostar-se a mim?”. Depois perdeu o medo e mal nos distraímos por segundos agarrou no pelo da gata e foi vê-la a puxá-lo com a força habitual com a qual puxa o meu cabelo. Escusado será dizer que vimos um tufo de pelo da gata pelos ares e o animal não ficou com cara de muitos amigos. Coitadinha, mais uns segundos e era amassada pela Luísa. Ia ser o verdadeiro gato-sapato.

Afastamo-la logo da gata, mais com medo do que a Luísa lhe pudesse fazer do que o contrário. Mas o caneco da rapariga não descansava, sempre a tentar ver onde andava a gata e quando a via começava a gritar e a fazer uns barulhos que nunca a tínhamos ouvido fazer. A rapariga transformou-se ao ver aquela linda gata de pelo comprido cinzento.

Bem, na verdade, e mesmo que ela não se apercebesse, a Luísa sempre teve dois gatinhos por perto. Culpa do pai. Na Pediatria o J. achava que ela estava muito sozinha no berço e trouxe-lhe de casa dois gatinhos que lhe tínhamos comprado no IKEA. Assim, quais sentinelas, um de um lado e o outro do outro, estiveram ali dia a pós dia a guardar a nossa Luísa no berço. Já em casa continuaram a dormir ao lado dela na alcofa e só com a passagem para o berço foram despromovidos de guardiões a meros brinquedos de peluche.

Luísa na alcofa com um dos seus gatinhos guardiões

Por isso é bem provável que inconscientemente desde sempre a Luísa tenha sido uma pessoa de gatos. As tias V. e L. vão adorar saber (mas não me tentem impingir gatos, que eu ainda não estou para isso!). Vamos com calma. Quem sabe, por influência da madrinha, até mude para os cães.

Mas enquanto isso, cá por casa, vou continuar a cantar a música dos gatinhos: Miau, fru, fru. Miau, fru, fru. Miau, miau, miau. Os três gatinhos perderam seus chapelinhos, puseram-se a chorar…agora a vovó L. continua com o resto que já não me lembro da letra.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Luísa, a Birrinhas



18 de Janeiro

Eu juro que já estou a ver o cenário. Hipermercado cheio, a Luísa agarra em qualquer coisa que não vem na minha lista de compras. “Não Luísa, a mãe disse que não te pode comprar essas coisas hoje. Pousa isso onde estava”, vou eu dizer, ao mesmo tempo que lhe retiro o objeto da mão. Ela vai-me franzir o sobrolho, atirar-se para o chão, espolinhar-se como que possuída pelo demo e gritar a plenos pulmões que quer aquilo. E todo o povinho vai ficar a olhar para mim, vão pensar que lhe estou a fazer alguma coisa e eu, serena por fora, mas a ferver por dentro, à espera que a cena termine para a arrastar para casa.

Sim, este cenário passa-me imensas vezes pela cabeça, porque a Luísa ainda nem nove meses fez e já sabe fazer birras daquelas de uma pessoa ficar a olhar para ela de boca aberta e a pensar no futuro. E tudo serve para ser causa de uma birra. Tiro-lhe as toalhitas da mão. Birra. Tento vestir-lhe uma camisola. Birra. Penteio-lhe o cabelo e não lhe dou a escova. Birra. Não a tiro depressa do ovo. Birra. Demoro mais uns segundos a chegar com a colher à boca. Birra.

Claro que como boa mãe e perante tal “defeito”, chamemos-lhe assim, pensei logo que isto devia ter puxado ao pai. Sim, porque qualidades são sempre da mãe e defeitos a gente empurra sempre para o pai. Mas não tive sorte. A minha sogra veio confirmar o meu pior pesadelo. O J. não era bebé nem criança de fazer birras. Oh diabo! Não posso dizer que a culpa é do J.? Então a quem sai a cachopa assim? Será que antes de ter nove meses ela já consegue mostrar traços do seu feitio?

Confesso que ainda não fui ler nada sobre se os bebés já começam a mostrar características da personalidade assim tão novos, mas estou em crer, e pela experiência no terreno que tenho tido, que sim.
Portanto, antecipo que vou ganhar muitos cabelos brancos – abençoadas tintas – às custas das birras da Luísa. Se por um lado é capaz de ser uma menina combativa, que luta pelo que quer e isso até nem é mau, por outro estou em crer que me vai bater o pé muitas vezinhas e fazer-me suar muito.

Na próxima semana vou fazer queixinhas à Pediatra a ver o que ela me diz. Mas palpita-me que ela me vai dizer, que sim, já mostra características de personalidade. E lá vou eu rezar para que o cenário do Hipermercado não se realize, senão vou ter de lhe passar a chamar Luísa, a Birrinhas.