quinta-feira, 23 de abril de 2020

Parabéns Luísa!


23 de Abril



Todos os clichés do mundo cabem na maternidade e o que o tempo passa rápido é um deles.
A nossa Luísa fez 5 anos esta semana e que viagem tem sido.  

Quando toda esta “história” do covid-19 começou nunca nos passou pela cabeça que a 21 de Abril ainda estaríamos a lidar com o confinamento e que a festa de aniversário teria de ser uma versão mais pequenina do que a que lhe gostaríamos de ter proporcionado.

Normalmente fazemos uma festa com a família mais próxima e amigos e chegamos a ter quase 40 pessoas cá em casa, mas este ano teve de ser uma versão reduzidíssima. Custou um bocado não ter cá as minhas avós a cantarem os parabéns à bisneta e toda a restante família e amigos. Mas foram muitos os telefonemas e videochamadas que ajudaram a encurtar a distância e animar o dia. Inclusivamente um dos amiguinhos da escola da Luísa fez-lhe um desenho de parabéns, que a mãe mo mandou pelo Whatsapp. Foi um gesto muito bonito e a Luísa gostou muito (Obrigada Simão!).

Agora só esperamos que tudo isto passe rápido para fazer uma festa grande, como os 5 anos da Luísa merecem.




terça-feira, 14 de abril de 2020

A tecnologia do…lápis

14 de Abril


Eu não sei explicar isto, mas quem ao longo da vida tem tido a oportunidade de ver várias gerações de crianças crescerem sabe que a cada geração que passa a evolução acontece. Os meus primos mais novos, com pouco mais de quatro anos já tinham mais destreza que eu com a mesma idade (lembro-me do João pequenino, apanhar o carro da minha madrinha com porta aberta, sentar-se e ligar o carro!) e a Luísa com quatro anos já me fez questões (“O que é a morte?” ou “Qual foi a primeira pessoa a nascer antes de haver mães”?) que eu acho que só pensei nelas já na escola primária. 

Hoje em dia não é estranho colocar um tablet na mão de uma criança pequena para perceber que ela rapidamente consegue descobrir a lógica do ecrã táctil e começar a associar símbolos sem saber ler. É óbvio que essa rapidez tem a ver com o facto de nos verem “agarrados” aos telemóveis e a mexer neles com os dedos. Evoluímos, mas também nem tanto, a imitação continua a ser, a meu ver, a base da aprendizagem nestes primeiros anos.

A realidade do teletrabalho cá por casa faz de nós presentes, embora ausentes. Estamos dois adultos sentados ao computador em nossa casa, mas durante muitas horas não podemos dar a atenção necessária que uma criança pequena exige. Num desses dias, o Jorge teve uma ideia “brilhante” (sim, com aspas): “Luísa queres jogar no computador?”. Eu só lhe disse que ele tinha acabado de abrir a caixa de Pandora e que não sabia onde se havia metido.

Lá lhe mostrou o rato, o teclado, arranjou-lhe uns jogos rudimentares, mas como todos sabemos os miúdos rapidamente interiorizam isto das tecnologias e passam a querer viver para jogar. Agora é vê-la todos os dias mal acorda chatear o pai, mesmo melga, até ele se comprometer em que hora do dia é que ela vai puder jogar PC. Se antes cá em casa se ouvia mais “Mãe, mãe, mãe!”, agora é “Pai, já posso jogar?”, mas de cinco em cinco minutos. Eu avisei-o.
Eu pessoalmente só pensava introduzir o computador na vida da Luísa mais tarde. Aos quatro anos nenhuma criança precisa de jogar computador. Chamem-me velha, chamem-me retrógrada, mas é verdade.

Sabem que tecnologia uma criança com quatro anos precisa de dominar? A pega do lápis, meus queridos, tão simples quanto isso. Saber pegar corretamente num lápis é essencial, é básico. É nisso que nos devemos concentrar, em vez de querer que eles saibam identificar o símbolo do Youtube ou dos jogos e fiquem anestesiados horas.  

A pega do lápis de forma correta vai ajudá-los a melhor começar a fazer grafismos, para depois fazerem letras e aprenderem a juntá-las em palavras. Há uns tempos em conversa com uma professora primária ela me confessava isso, que ainda há crianças a chegar à escola sem conseguir pegar bem num lápis. Imagino que isto seja um bloqueio logo nos primeiros tempos de primária e para uma coisa que nos leva a algo essencial da nossa vida: a escrita.

Eu não sou professora (decerto algumas que conheço podem deixar aqui os seus conhecimentos e experiências), mas do meu humilde bom senso, acho que a escrita desenvolve raciocínio, concentração, comunicação. Ui, podia estar aqui horas a falar das mais-valias da escrita. Quem nunca se arrepiou a ver erros ortográficos ou de sintaxe nas redes sociais? Tudo isso começa na escrita e os seus primórdios são…a pega do lápis. Pasmem-se.

Carregar em teclas qualquer um faz. Não menosprezando, a minha avó Alice hoje com 86 anos e a quarta classe aprendeu a teclar e uma vez mandou um mail à minha mãe! É um feito digno de louvor na verdade, mas se calhar se tiver de fazer uma redação já se via à rasca.

Pegar num lápis é difícil, demora tempo, exige muito treino e paciência. É por isso tão importante todos os desenhos que eles fazem no infantário/pré-escola/creche/casa. É por isso tão importante que todos nós, pais, levemos meia dúzia de lápis e papel sempre que formos a um restaurante, por exemplo. A criança poderá estar apenas dez minutos a pintar e logo a seguir perder o interesse, mas serão sempre uns dez minutos preciosos.

Às vezes sinto que os tablets, os computadores são uma porta à facilidade. A tecnologia tem imensa coisa boa, já não podemos viver sem ela obviamente e irá acompanhar a vida dos nossos filhos. Mas há coisas básicas que embora pareçam pré-históricas não podemos descuidar, como a "tecnologia" do lápis.

Cá por casa vamos continuar na luta entre meia hora de jogos de computador por dia, até porque agora já não dá para fazer reset na memória da miúda, e continuar a colecionar e incentivar os desenhos da quarentena para que um dia a Luísa saiba escrever tão bem, como usar um computador.