sexta-feira, 3 de abril de 2015

O nervoso miudinho



03 de Abril

Ontem fizemos 33 semanas. A Luísa tem crescido bem, já tem 1,700kg e cada vez a sinto mais forte e apertada na minha barriga.
Há uns meses atrás imaginava-me chegar a esta fase com uma mega barriga, uma vida mais calma e a aproveitar as últimas semanas de alguma paz até ao nascimento. Pensei que ia ter tempo para um fim-de-semana a dois antes de passarmos a ser três, que iria ter o quartinho todo pronto pelas minhas mãos, que a Páscoa seria registada com muitas fotografias da minha mega barriga e os meus primos à minha volta.

Mas se há coisa que nos últimos anos tenho aprendido é que os planos alteram-se (e acreditem que eu era a mulher dos planos, das listas e da organização mental) e esta cachopa já me está a ensinar isso bem antes de nascer. Hoje vivo um dia de cada vez, uma etapa de cada vez.

Primeiro foi o aguentar o repouso sem ficar maluca. Deixar o meu trabalho de um dia para o outro, com tanto que tinha de fazer naquela semana e habituar-me a viver num Hospital, onde a minha profissão passou a ser incubadora viva de uma bebé.
Depois foi voltar a casa e adaptar-me a estar aqui, a olhar para as minhas coisas e não puder fazer nada, a ter que depender da minha aldeia para me fazer tudo.
Em seguida foi voltar ao Hospital e mentalizar-me de que lá iria ficar até às 35 semanas e que depois disso teria uma liberdade relativa. Acreditem que foi essa ideia de liberdade relativa que me deu forças (também tive as minhas quebras) para aguentar mais de 20 dias de internamento.
Agora, já em casa, a sentir-me cada vez mais pesada, a caminhar à pato, cansada desta vida tão sedentária vejo os dias a passar um a um e o nervoso miudinho a instalar-se. É certo que fiz um acordo com a Dr.ª A. de que só voltava a pôr os pés no Hospital lá para as 37 semanas, mas todos sabemos que isso depende pouco da minha vontade e mais do meu corpo e da Luísa.

Todos os dias de manhã acordo e penso: será hoje? Apesar de todos sabermos que o fim desta jornada será o nascimento da Luísa a verdade é que eu tenho medo, não sei o que aí vem e a ansiedade tende a instalar-se. Será que vou aguentar até às 35? Ou será que vamos conseguir até às 37? Ou será que estas longas semanas de repouso vão fazer tanto efeito que vamos conseguir chegar ao mês de Maio? Não tendo bola de cristal é claro que não há respostas a estas perguntas.

Já fiz imensos cenários na minha cabeça. Já imaginei que acontece de noite e que tenho de acordar o J., que vai ficar elétrico. Já imaginei que acontece durante o dia. Já cruzei os dedos para que no dia esteja de urgência a minha médica ou então alguma das médicas que conheci no Hospital e as quais me dão muita confiança. Felizmente passei pelas mãos de muitas e muitos e são bastantes os nomes que me dão calma. Depois penso nas enfermeiras e peço para que me façam um corte bonitinho, nada de coisas aos zig zags

Enfim, para não ficar maluca, tento distrair-me com livros, jornais, tv, séries, mas a verdade é que o nervoso miudinho se instalou. Eu sei que no dia vou estar calma. Em situações limite o meu corpo desacelera para depois dar o máximo quando é preciso e dispenso pessoas stressadas, mas não saber qual será o dia é que é do caraças…pardon my french.

1 comentário:

  1. Vida de mamã é difícil! E o nervosismo miudinho está sempre aí, seja quando ainda o/a sentimos no conforto da nossa barriguinha, seja quando já estão cá fora... Mas não a trocaríamos por nada, pois não?
    Beijinhos enormes para as duas e, Luisinha apressada, ouve a mamã, nada de já quereres mostrar quem é que manda ;)

    ResponderEliminar