segunda-feira, 20 de abril de 2015

Tenho de ir ver ao dicionário o que quer dizer dormir. Já não me lembro!



20 de Abril

Comecei a desconfiar que estaria grávida quando de um momento para o outro passei a fazer xixi 70 mil vezes ao dia e a acordar a meio da noite para ir à casa de banho.
Eu sempre dormi bem, às vezes como uma pedra. Digo às vezes, porque em quase quatro anos de vida em conjunto a pedra que era a dormir, por vezes, era acordada pelo ressonar do meu companheiro de quarto. Quando saí de casa pensei que me livrara dos roncos do meu pai, mas afinal ainda foi pior a emenda porque agora ouço alguém ressonar a 10cm dos meus ouvidos, quando antes vinham do quarto ao lado. (Inclusive uma noite fui forçada a gravar a sinfonia dado que o J. se recusava a acreditar que ressonava. Quando não se dorme tem de se fazer alguma coisa.)

A minha prima C., nos finais da gravidez dela, queixava-se de ter de se levantar muitas vezes durante a noite para ir à casa de banho e eu só pensava na sortuda que era por ter apenas de me levantar uma vez e às vezes ia até à sanita com os olhos fechados…
Mas agora, minhas amigas, tudo mudou e digo-vos que não estou nada contente.

A verdade é que o corpo humano é, de facto, uma máquina incrível e que ao longo da gravidez nos vai preparando, treinando para os duros meses que aí vêm. Mas quando uma pessoa já se cansa por tudo e por nada, mais de meia hora em pé é um transtorno, a barriga pesa horrores, não conseguir dormir mais de 2/3horas seguidas é um terror. Pelo menos para mim tem sido.

Desde que vim do Hospital que comecei a dormir realmente mal. Além das excursões para fazer xixi, juntaram-se as insónias. Na cama não tenho posição nem mesmo com a ajuda das minhas três almofadas (uma para pôr entre os joelhos, outra a apoiar a barriga e uma para a cabeça) e cada vez me doem mais as ancas por só dormir de lado. Saudades de dormir de pança para cima…

Agora as minhas noites normais são assim: deito-me por volta das 23h30/00h00 acompanhada pelas minhas almofadas que fazem um autêntico muro entre mim e o J.; consigo dormir um sono até perto da 01h30 quando acordo para o primeiro xixi; volto a adormecer e acordo pelas 03h30 para nova excursão até à casa de banho; deito-me e fico a olhar para o tecto; começo a passar-me da cabeça e a mudar de posição de 10 em 10min, tendo sempre de reposicionar as minhas almofadas a cada mudança; finalmente adormeço e por volta das 06h30 novo passeio ao WC; por esta altura já me dói tudo, pernas, ancas, costas e tento pôr-me de barriga para cima; tarefa impossível, porque começo logo a sentir aquela sensação de dor ciática; ponho uma almofada até meio das costas e outra na barriga e fico como que meio inclinada; o cansaço é tanto que acabo por adormecer; mas por volta das 08h00, quando o J. me acorda para tomar banho (ele tem de me ajudar a entrar e a sair da banheira) sinto-me mais exausta do que quando ia à discoteca e dançava horas a fio.

Dizem que estes despertares a meio da noite são uma forma de nos irmos preparando para depois do bebé nascer acordarmos a meio da noite para dar de mamar. Mas se isto quer dizer que a Luísa vai querer mamar umas quatro vezes durante a noite a mim só me resta dizer: estou frita! Vou andar qual zombie.

Nestas coisas acho que a Natureza podia ter sido mais inteligente e podia ter feito com que os homens também produzissem leite para amamentar e assim ser uma ajuda muito mais ativa nos cuidados ao novo rebento. Riam-se à vontade, mas não fazia sentido? Não estou a dizer que lhes crescessem as mamas, mas que ao menos tivessem a possibilidade de dar de mamar uma vez por noite. Se calhar já nem sei o que digo, talvez sejam as hormonas descontroladas e a tolice do sono. Mas hoje dei por mim a pensar nessa hipótese.

Nestes dias em que acordo mais cansada só penso em todas as grávidas que conseguem trabalhar até ao dia do parto. Vocês são as minhas heroínas. Eu também sempre pensei que seria assim, que iria trabalhar até fazer um charco debaixo da minha cadeira no escritório. Mas esta Apressada obrigou-me a vir para casa cedo demais e agora me que sinto enorme, pesada e cheia de sono não sei como aguentaria estar a trabalhar na reta final da gravidez.

O meu medo é que a Luísa decida nascer durante um desses dias em que quase não durmo e fico aborrecida como um bebé.
Ah dormir, será que voltarei algum dia a saber o que quer dizer?



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