segunda-feira, 13 de abril de 2015

Com a cabeça nas luas



13 de Março

Por vezes a ignorância é uma bênção. Quando na semana passada a minha médica me disse que a Luísa iria, certamente, nascer bem antes do final do mês, talvez não imaginasse o tamanho da sentença que me estava a atribuir. Talvez a palavra sentença possa ser muito forte, mas de momento não me ocorre outra.

Conhecendo já um pouco da Apressada que a minha filha é e dizerem-me “antes do final do mês” é basicamente dizerem-me que pode ser hoje, amanhã ou depois. E desde quinta-feira que não me sai da cabeça a hora do parto. Não é por medo das dores ou dos cortes ou de todo o cenário do trabalho de parto, mas porque a Luísa ainda é pequena. Nenhuma mãe gosta de sentir que a sua cria pode vir ao mundo com menos forças para lutar. Depois de tantas semanas de repouso, medicação e paciência sabe a pouco pensar que na verdade não mandamos nada.

Os 2kgs da Luísa são uma estimativa, poderão ser menos ou mais. Se ela nascesse hoje, amanhã ou depois e se esses 2kgs não fossem reais a incubadora seria um caminho certo.
A minha colega de quarto, que lá ficou depois de eu ter alta, disse-me ontem que tinha a cesariana dos gémeos dela programada para hoje se houvesse lugar na Neonatologia… E se a minha Luísa Apressada quer nascer nos próximos dias e se precisa de ir para a Neo e não há lugar? Mandam-na para longe de mim?  É por isso que a ansiedade cresce dentro de mim. Não controlar a situação vai contra aquilo que eu sou.

O pior são as noites. De dia o tempo passa mais rápido, mas à noite na cama as horas não avançam. Passo a vida a sentir dores que não sinto, a ouvir águas a rebentar que na realidade não rebentaram. Não consigo ter posição na cama e normalmente só sou vencida pelo cansaço pelas 4h ou 5h da manhã. O J. dorme o sono dos justos e eu fico ali a olhar para o teto e a pedir só mais um dia, só mais um dia, porque quando o dia nasce parece que os meus “fantasmas” desaparecem também.

Por outro lado, de um momento para o outro, tornei-me especialista em fases da lua. Ninguém sabe explicar porquê, mas a verdade é que a mudança da lua pode influenciar o início do trabalho de parto. Então tenho-me agarrado a isso para tentar descansar a mente. Já sei que até ao final do mês vamos ter ainda mudança de lua a 18 e a 26, lua nova e quarto crescente, respetivamente. No entanto, dizem que são as noites de lua cheia que mais têm influência nos partos e essa lua já só volta em maio, no dia 04.

Agarro-me às fases da lua como algo que me ajude a passar esta ansiedade. Assim, na minha cabeça, tento arranjar desculpas para que a Luísa agora só nasça depois do dia 18 e se não nascer a 18, com sorte vá até 26.
A lua e as mulheres sempre tiveram uma ligação especial e espero que a lanterna da Terra seja minha amiga agora.

2 comentários:

  1. Queria tanto poder ajudar-te nessa ansiedade...
    A Luísa vai nascer bem, e forte, quer seja amanhã, no dia 18, no 26 ou mesmo a 4 do mês que vem! :)
    E tu vais sair desta experiência ainda mais forte e com uma nova lição: que por vezes há coisas que não podemos controlar, e simplesmente temos confiar no destino... vais ter muitas situações dessas enquanto mamã... ( ai de si que tentes controlar as saídas da Luísa com as tias, ouviu?!?! ) :)
    Relaxa, confia, e se tudo o resto falhar, hoje tens Game of Thrones para ver até às 5 da manhã... :)

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  2. Subscrevo, na íntegra, as palavras da Vânia! ;-) Vais ter uma Luísa cheia de energia e vontade de abraçar o mundo, mas só lá para 4 de Maio... É a minha aposta! Um grande beijinho

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