domingo, 13 de dezembro de 2015

Separadas por uma parede



13 de Dezembro

Estar deitada na cama, olhar para o lado e em vez do berço ver as minhas cómodas foi, no mínimo, estranho. É curioso, mas se para a Luísa o cordão umbilical foi cortado no dia do parto, para mim foi cortado no dia em que decidimos que a minha Apressada iria passar a dormir no quartinho dela. Custou-me muito mais a mim esta separação do que a ela.

Durante meses o seu respirar, os seus sonos atribulados, os seus movimentos estiveram ali, lado a lado. Agora a minha pequenita estava do outro lado da parede. No quarto dela. Qual moça independente. Se esta mudança já me custou nem quero imaginar quando daqui a uns anos ela me disser: “Mãe, vou sair de casa!”. Ai!

Como a Luísa a partir dos quatro meses já dormia as noites todas sem acordar começamos a falar no assunto cá em casa. Na minha opinião achava que a devíamos mudar para o quartinho dela aos seis meses e a data ficou mais ou menos estabelecida.

Chegada a altura a verdade é que a minha vontade de me separar da minha pequena era pouca, confesso. Então fomos adiando mais um dia, mais outro, mais outro, arranjando novas desculpas – “ainda faltam as cortinas”; “não penduraste as prateleiras” - até que decidimos que mais cedo ou mais tarde ela teria de ir para o seu quarto e quanto mais cedo fosse melhor para ela e…também para nós.

Assim alguns dias depois de completar os seis meses lá foi ela de malas de bagagens para o seu quartinho de passarinhos na parede. Não sei se foi por se sentir mais em liberdade, mas a rapariga nas primeiras noites passava a vida a descobrir-se, virava-se mais, um forrobodó!
Lá tivemos que lhe vestir mais roupa debaixo do pijama para que não arrefecesse e fazer mais visitas durante a noite para ver como ela estava.



Mas se pensávamos que ia haver berreiro ou sonos desalinhados, nada disso. A Apressada habituou-se logo ao quarto dela e nem um bocadinho de saudades nossas demonstrou ter. Puxando a brasa à minha sardinha, a minha Luísa sai à mãe, gosta cá do espaço dela e nada de apertos.

No nosso caso foi diferente, pelo menos para mim. Custou-me, e ainda me custa, não ter o meu pedacinho de gente ali ao meu lado, mas a vida é mesmo assim e estamos cá para criar uma menina desenrascada e independente e não uma cachopa sempre debaixo das saias da mãe e a dormir no nosso quarto ou cama até aos 18!. Por isso, e como dizia um amigo da mãe quando queria dizer que era preciso avançar: mundo frente! Eu sempre achei muita piada a esta expressão.

Agora o nosso melhor amigo é um intercomunicador da Chicco, que passou a dormir ao nosso lado (o sortudo!) e que nos vai mostrando imagens da nossa menina, agora do outro lado da parede.



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