08 de Dezembro
“A Luísa está muito bem. Agora só nos voltamos a ver aos nove meses,
quando ela já terá de se sentar e fazer mais algumas coisas”, disse-nos a Dr.ª
T. aquando da consulta de Neonatologia no Hospital, aos quatro meses. Eu até
nem sou mãe de cismar nas coisas, que se há coisa que um bebé prematuro nos
ensina é a viver um dia de cada vez e a celebrar cada vitória, mas aquele
excerto não me saía da cabeça quanto mais o tempo passava. “Terá de se sentar”.
“Terá de se sentar”. É que o raio da rapariga não se sentava.
Aos seis meses começamos a insistir, mas ela odiava. Em contrapartida
adorava estar em pé. Segurávamo-la debaixo dos braços e ela toda feliz a fazer
força nas pernas. E veio o sermão da nossa Pediatra! Na consulta de rotina dos
seis meses perguntou-me se nós a punha-mos muito de pé. A verdade é que sim. Puxão
de orelhas na mãe e a partir daquele dia a ordem era para sentar, estávamos a
fortalecer as pernas, quando devíamos era estar a fortalecer-lhe as costas
primeiro. Toda a família foi avisava – avós, bisavós, tios, amigos -, a menina
tinha de se sentar e nada de a pôr em pé.
Sete meses e nada. Bem a púnhamos rodeada de almofadas, mas ela
continuava a não achar piada a estar com o cu no chão. O normal era começar a
rebolar para os lados e quando dávamos por ela já estava toda contente de
barriga para baixo a brincar. A verdade é que sendo mexida como é estar sentada
a limitava muito, não se conseguia arrastar, e ao estar deitada arrastava-se
para onde queria ir, normalmente rebolando.
Mas há cerca de uma semana quando a vi sentadinha direitinha e sozinha
mais de dez segundos, quis lançar foguetes. Fiquei tão contente, mas tão
contente. Eu sei que para uma mãe “normal” é mais uma etapa, mas para mim
soube-me a mais uma vitória sobre os “bichos maus” que nos primeiros dias de
vida quiseram fazer mal à minha Apressada. Apesar de tudo, o tema sequelas está
sempre presente nas nossas vidas. Mas nada de viver em alarme constante, porque
como uma vez me explicou a Dr.ª T. do Hospital, o cérebro de um bebé é algo
muito maleável e pode ser trabalhado de várias formas para se atingir os objetivos.Só temos de dar o tempo ao tempo.
Por isso, tenham calma (eu, sobretudo!!) que a Apressada já se senta!