quinta-feira, 13 de agosto de 2015

122 dias depois dizem que vai haver pagamento



13 de Agosto


Ao cuidado de:
Sr. Diretor da Segurança Social de Aveiro, Rui Cruz
Sr. Ministro da Segurança Social, Pedro Mota Soares
Sr. Primeiro Ministro, Pedro Passos Coelho

Exmos Senhores,

Entrando na minha conta da Segurança Social Directa posso ler o seguinte: “A Segurança Social enviará para pagamento a partir do dia 2015-08-20, a sua Prestação de Impedimento Temporário para Trabalho no valor de XXXX Euros. Sabem quantos dias vos demorou a fazer o pagamento deste montante que equivale ao período da minha licença de parentalidade? Não se aborreçam com as contas que eu já as fiz. Basicamente foram 122 dias! Sim, vocês demoraram a enviar-me o pagamento 122 dias depois que a Luísa nasceu. Teoricamente vão efetuar-me o pagamento já depois do período de licença (que são 120 dias). Isso só não acontece porque depois da Luísa nascer estive 22 dias de baixa por assistência a familiar (é irem ler os post lá atrás do mês de abril e maio, sff), logo a minha licença estende-se até Setembro.

Com os papéis todos entregues a 08 de Maio (depois de três idas à Segurança Social) como é que só a partir de 20 de Agosto me vão fazer o pagamento? Mas os cofres não estavam cheios? É que ia jurar que tinha ouvido qualquer coisa deste tipo na imprensa.

Bem sei que andam é preocupadíssimos com as legislativas, pois é preciso assegurar a manutenção dos vossos postos de trabalho, mas não acho admissível nem coerente demorarem tanto tempo a fazerem o pagamento relativo a uma licença de maternidade. Tanto apregoam que é necessário aumentar a taxa de natalidade e que o Estado está empenhadíssimo em que isso aconteça, mas quando as famílias mais precisam vocês assobiam para o lado e pagam quando querem e vos apetece. Ai espera, se calhar esqueci-me daquele pormenor de que somos do escalão 4 e deve haver algum alarme lá na Segurança Social a dizer que somos ricos e que por isso podem demorar mais tempo a pagar…

Nestes meses todos a vida continuou cá em casa, sabiam? Houve contas e renda para pagar, consultas e exames aos quais tivemos que ir, medicamentos para comprar, leite (caríssimo) a adquirir, roupa para a Luísa que a Apressada deu um pulo no último mês, enfim o normal. E não foi com o dinheiro da licença que isto foi adquirido, foi com o dinheiro das nossas poupanças, que tanto esforço fizemos em amealhar. Usando terminologia agora muito na moda, digamos que cá em casa foi preciso também fazer um resgate financeiro. É certo que não como o da Grécia, e por isso acho que não nos vão expulsar da União Europeia, mas foi preciso fazê-lo.

Caros senhores, estou certa que nestes meses nenhum de vocês passou a vida a olhar para o extrato da conta bancária e a vê-la emagrecer de dia para dia. Pois eu passei. Muitos dias.
Felizmente tínhamos as nossas poupanças e felizmente temos uma família na nossa retaguarda que nos pode apoiar dentro dos possíveis. E se não tivéssemos?

Já pararam para pensar como é que serão os meses de uma família de parcos recursos a quem vocês também demorem 122 dias a efeturar a transferência? Eu faço o cenário. Resta-lhes pedir ajuda a uma Junta ou Câmara Municipal para pagarem as contas de casa e andar aos cabazes de alimentos nas associações de ação social. E aqueles que deveriam ser meses de enorme felicidade e paz, transformam-se em meses de tristeza e angústia, porque acho que não deve haver pior no mundo que um pai querer dar de comer a um filho e não ter.

Por isso, por favor, abram os tais cofres que estavam cheios e comecem a pagar a tempo e horas às mães e pais deste país que ainda têm coragem para ter filhos neste rectângulo à beira mar plantado, sim? E não venham com a desculpa de que fui caso único, porque não fui. Conheço outros.

E agora deixo-vos voltar às vossas vidas ricas e às legislativas.

Agradecida,

a mãe da Apressada

2 comentários:

  1. Eu me acuso como mais um exemplo dessa demora. No nosso caso, também com indicação de pagamento a 20 de Agosto, vão - quero acreditar - pagar-me a 10 dias da minha Baby C fazer 3 meses.
    É uma vergonha! Como falam em incentivo à natalidade e depois nos dizem na Seg. Social, no último dia de Julho, que estavam ainda a processar requerimentos apresentados em Abril???
    Senhores governantes deste país repensem bem as vossas ideias sobre como promover a natalidade no país!!!

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    1. Temos de juntar um grupo significativo e mexer uns cordelinhos na comunicação social a ver se dá notícia e se ganham vergonha.

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