sábado, 13 de junho de 2015

E mandamos a Luísa dormir fora



13 de Junho

Quando era pequena um convite para dormir fora era motivo de alegria para mim. Eu adorava dormir fora e os destinos preferidos eram a casa da minha madrinha, das minhas avós ou de amigas. Pode-se dizer que era uma “maria-vai-com-todos”, salvo seja. E como adorava andar no larú (diz o dicionário que o correto é “laréu”, mas cá na minha terra a gente diz larú e vou respeitar o regionalismo) não entendia quando ouvia pais de amigas minhas dizerem que elas nunca tinham ido dormir a casa de ninguém. Já para não falar naquelas que tentaram dormir lá em casa e que a meio da noite os pais tiveram que as ir buscar…que vergonha! Ahahahahah! Prometo não dizer nomes.

Das minhas amigas é a L. aquela que ganha de longe em vezes em que fui dormir a casa dela. Era uma alegria! Brincar com as barbies dela (coitadas tinham os cabelos todos desgrenhados, coisa que eu afincadamente tentava remediar enquanto lá estava), ouvir música e fazer coreografias, andar à descoberta pelo bosque lá ao pé, enfim, até chegamos uma vez a fazer um filme de terror amador juntamente com os vizinhos dela.

Já não sei com que idade fui dormir fora de casa pela primeira vez, mas certamente que a Luísa bateu o meu recorde. Depois de dias esgotantes, em que o J. também não me conseguiu dar apoio por andar com muito trabalho e ter de se levantar de madrugada, decidi aceitar o convite da minha mãe, que andava a dizer que ficava com a menina uma noite para nós descansarmos.

Combinamos então que a Apressada iria dormir a casa dos avós de sexta para sábado, mas confesso que andei até ao próprio dia a pensar que iria desmarcar, que não fazia sentido despachar assim a bebé. Mas cedo ela me fez mudar de ideias. Na sexta-feira de tarde gritou tanto, mas tanto, que eu já estava a ficar tolinha, sem saber o que fazer. Com os braços doridos por andar horas a fio a embalá-la e o cérebro em papa por causa dos gritos rendi-me às evidências e aceitei na minha cabeça de que precisava de ajuda e uma noite de descanso seria muito bem-vinda.

Eu sei que há mães que demoram meses (ou até anos) a conseguirem separar-se das suas crias, mas eu consegui. Mesmo que estando ela longe eu esteja sempre a pensar nela, ninguém imagina como me soube bem deitar-me antes da uma da manhã e acordar depois das 08h30.

Claro que no meio disto tudo a Natureza não nos deixa esquecer que somos mães, principalmente para quem amamenta. No meu caso, não consigo estar mais de seis horas sem dar de mamar pelo que antes de dormir tive que usar a bomba e mal acordei tive novamente de retirar leite, pois já nem me conseguia pôr de lado na cama nem levantar os braços. Obrigada mãe Natureza!

Quando chegamos a casa dos meus pais contaram-nos que a rapariga se portou exemplarmente (sai à mãe) e que podia ir dormir a casa deles mais vezes. Eu nem queria acreditar. Cá em casa chora e grita a noite toda e só adormece por volta da uma da manhã e em casa dos avós não dá um pio e porta-se como um anjinho. Às vezes digo ao J. que o defeito só pode ser meu.

De qualquer das formas ficou aprovadíssima no que a dormir fora de casa diz respeito. Não vamos fazer disto coisa recorrente porque ficamos a morrer de saudades da nossa Apressada, mas sempre que estivermos a chegar ao limite é sempre bom saber que é possível ter uma noite de descanso.

Um mês e três semanas e já dorme fora de casa.

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