terça-feira, 11 de outubro de 2016

#4 É a vida, Ana! Planos há muitos



11 de Outubro

Hoje era daqueles dias que eu tinha tudo planeado ao minuto. Sair do trabalho, ir comprar umas coisas que me faltavam, levantar uma encomenda, chegar a casa, preparar o jantar, arrumar quatro pilhas de roupa, dar o jantar à Luísa, brincar um bocado com ela, começar a separar as coisas de Inverno, juntar as peças de roupa que me emprestam para a Luísa e devolver, preparar as coisas para o dia seguinte para não andar sempre a correr antes de sair para o trabalho. E no final de tudo, qual descanso da guerreira, sentar-me uma hora no sofá a ver uns dois ou três episódios de Friends (obrigada, Netflix!).

Pois. Balelas. Tretas.
Mas que raio tem o mundo contra os meus planos? Ah… sou mãe e o mundo organizadinho em que eu vivia já não existe. Puff! Varreu-se. Agora é um ser de quase 80cm que gere o meu dia. Porreiro, pá.

Cheguei a casa e a minha Apressada estava a dormir. Tinha andado no passeio com o pai e nada de ter feito a sesta da tarde. Ainda assim estava tudo encaminhado para cumprir tudo o que queria fazer. O J. saiu para o ginásio e… começou o apocalipse.

Acordou a chorar, toda lavada em lágrimas. Peguei nela, tentei consola-la, mas nada. Ofereci-me para cantar, coisa que a costuma acalmar e chorou ainda mais. É certo que não canto lá grande coisa, mas a Luísa sempre achou piada à minha voz fino-esganiçada. Liguei o santo canal Panda, mas desta vez nem esse milagreiro me valeu. Mal começaram os Parabéns – música que a Luísa adora – aumentou o volume do choro.

Dói-te a barriga? Dói-te a cabeça? Tens calor? Doem-te os dentinhos? Queres comer? Dói-te o pé? Tentei de tudo. Já estava a ficar meio desesperada. Nestas fases em que eles não sabem explicar o que têm, uma pessoa sente-se pequenina, impotente.

Só estava bem ao meu cólo. Não a conseguia pôr no chão nem na cadeira nem no tapete. Agarrava-se ao meu pescoço. E o tempo a passar e eu a stressar porque não conseguia perceber o que a rapariga tinha e a ver mentalmente os itens da minha lista de tarefas a evaporarem-se, e o jantar que ainda não estava feito. Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

Depois de muito mimo lá acalmou um bocado, mas dar mais de três passos da beira dela estava complicado. O jantar lá se fez, mas o resto…

A todas vocês que trabalham oito horas ou mais por dia, chegam a casa e ainda levam com mais três ou quatro horas de “trabalho” em cima e que estão constantemente a adaptar horários e planos, fiquem a saber que os meus pensamentos estão com vocês.

Vocês são do CARAÇAS! Vocês são as MELHORES!

Agora vou só ali desmaiar na cama, que tanto cólo acordou o meu nervo ciático.

É a vida, Ana!

1 comentário:

  1. ;) Lei de Murphy da Maternidade: Podes fazer lindos planos, muito bem organizadinhos, mas eles vão acabar por ir por água abaixo...

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