31 de Março
Eu juro que já tive joelhos. Bons. Flexíveis. Sem lesões. Agora sempre
que me ponho em pé parece que eles vão ceder a qualquer momento. Parece que vou
cair, não suportam o meu corpo.
Eu sei que é uma consequência normal da gravidez, sobretudo, para quem
passa quase a totalidade do dia deitada, mas assusta não ter muita confiança em
cada passada que se dá. É por isso que hoje em dia caminho devagarinho, um passo
de cada vez. Cair não é uma opção.
Apesar de ter tido alta na sexta-feira, ontem tive de regressar ao
Hospital para uma ecografia. O ritual já está ensaiado. O J. deixa-me à
entrada, onde eu espero, vai estacionar e quando chega é que subimos os dois ao
Núcleo de Partos. Enquanto ele estacionava aproveitei para levantar dinheiro na
ATM da entrada. Por azar ao retirar o cartão deixei-o cair no chão – sim,
agarrar coisas também é função que as grávidas vão perdendo -, baixei-me para o
apanhar, mas o problema foi levantar-me. Não conseguia. Juro que se não
estivesse rodeada por velhinhos com joelhos iguais ou piores que os meus lhes
tinha pedido ajuda. Com muito esforço lá consegui levantar-me. O problema é que
fico logo exausta, como se tivesse acabado de fazer 200 agachamentos.
Já durante a ecografia e aproveitando a presença da médica perguntei
se era normal doer-me tanto as ancas. Durante o dia estou mais de barriga para
cima, mas de noite estou sempre de lado e acordo a meio da noite cheia de dores
nas ancas. Pareço mesmo uma velhinha. A médica sossegou-me, dizendo que era
normal, porque eu na minha cabeça já estava a fazer filmes a pensar que seria a
minha bacia já a alargar parar entrar em trabalho de parto.
Agora pensem na figurinha que faço ao caminhar, arrastando os pés e
mexendo pouco as ancas para não doer…já para não falar de que o J. tem de fazer
de minha grua constantemente.
É certo que tomo ferro, magnésio e multi-vitaminas para diminuir estes
problemas, mas a verdade é que não sinto melhorias. Hoje acordei tão cansada,
mas tão cansada, como se estivesse de férias e tivesse andado o dia todo a
caminhar por uns trilhos no Gerês ou a descobrir uma cidade nova.
Talvez seja da Primavera ou destes últimos dias terem sido
fisicamente mais exigentes por ter tido a alta e ontem ter voltado a sair de
casa. Só sei que tenho pena de não ser uma daquelas grávidas cheias de genica,
que fazem tudo e mais alguma coisa, mesmo com um barrigão. Mas tenho que me
conformar e entregar à minha sorte.
Hoje vou-me dar à preguiça e ficar aqui sossegadinha no sofá, onde já
dormitei umas belas horas esta manhã.
Corpo, entretanto, se quiseres colaborar e dar-me mais força estás à
vontade.
Delícias da minha gravidez…
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