06 de Março
A vida de pernas para o ar é chata. Não há posição para ler e ver a
TVI todo o dia não é lá muito do meu agrado (a não ser os Jardins Proibidos,
confesso!).
A vida de pernas para o ar não deixa espaço para conversas. Fico com a
cabeça tão para baixo que nem consigo ver as minhas colegas de quarto e
conversar um bocado.
A vida de pernas para o ar não facilita o sono. Experimentem dormir
com as pernas a pelo menos 45 graus e depois pôrem-se de lado, como a médica me
mandou. Uma posição linda!
A vida de pernas para o ar obriga-me quase a usar um babete. A barriga
já não deixa a mesa de refeição vir até mim e as pernas ao alto não dão muita
margem de manobra. Ora levar a comida à boca com tantos obstáculos nem sempre é
fácil. É um treino para a dar de comer à Luísa.
Mas nem tudo são queixas, vá! A vida de pernas para o ar é complicada
e chatinha, é certo, mas ao menos não me incham os pés (ahahahah) e este
esforço todo é para que a rapariga não abra o resto do meu cólo “incompetente”,
como disse uma médica. Termos técnicos, segundo ela.
Esta rapariga ainda não nasceu e já nos deixou a vida de pernas para o
ar. Há muita gente a querer ter uma conversinha contigo quando saíres cá para
fora minha apressada.
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