29 de Maio
Por estes dias é impossível não pensar no anúncio que a Procter &
Gamble fez em homenagem às mães por altura das Olimpíadas de Londres. Agora
sim, sinto na pele o que é o trabalho mais difícil do mundo.
(E como trabalho mais difícil do mundo, neste momento, ouvi a Luísa a
fazer um cocó enorme e mal cheiroso e lá vou eu ter de interromper a escrita.
Volto já.)
Onde íamos nós? Ah, nisto da maternidade ser o trabalho mais difícil
do mundo. Nunca nenhum dos trabalhos que já tive até hoje me obrigou a levantar
de três em três horas durante a noite e a descansar o mínimo dos mínimos. É certo
que toda a gente fez diretas na Faculdade, mas se fosse preciso no dia seguinte
matava-se uma aula ou assistia-se à classe com um olho aberto e outro fechado.
Maravilhas da juventude.
Agora há uma vida que depende de mim e não é possível na manhã
seguinte ficar a dormir, até porque na manhã seguinte a minha Apressada vai
continuar a precisar de comer. Por isso ser mãe é não ter desculpas para fazer
alguma coisa.
Nunca corri tanto para médicos e Hospital como agora. Só na próxima
semana são quatro consultas e o problema nem é a quantidade é que meu prédio não
é lá muito baby friendly e sair sozinha com o carrinho e a bebé é coisa para me
pôr a transpirar em cinco minutos e ficar com as costas num oito (elas já nem
eram muito boas…). Sinto tanta falta dos meus medicamentos para as costas, mas
a amamentar nem pensar! Claro que volta e meia peço ajuda ao meu pai para me
vir auxiliar e assim o J. não ter de faltar ao trabalho. Mas sair com um bebé à
rua é coisa com muito protocolo. São toneladas de tralha para levar e uma
pessoa vai para a rua sempre a pensar que certamente deixou alguma coisa importante
para trás. Ser mãe é ter uma resistência física de atleta de alta competição e
memória de elefante para não deixar nada para trás.
(Agora começou a chorar… espero que não seja fralda suja outra vez.)
São as malditas cólicas. Consegue estar horas a chorar com dores.
Coitadinha!
Por este andar nem em 2020 termino este post. É verdade que não sou blogger
profissional, isto não é a minha vida, embora tenha feito parte dela nos
últimos tempos, mas não sei como é que as bloggers
profissionais continuam a ter tempo para fazer imensos posts e ir a eventos com os filhos recém-nascidos. E conheço
imensas. É que eu não tenho, pelo menos nesta fase não consigo. Sempre que
penso que vou ter uma hora de descanso para mim, os planos saem-me ao lado. O
J. está sempre a dizer-me para descansar de tarde. Pois sim, como se fosse
possível. Para além das cólicas, há ainda as visitas, depois há que tratar das
roupas e da casa quando dá e no meio disto tudo a palavra descansar não
encaixa.
E em relação à vida social a verdade é que sair de casa me faz bem,
mas se for um evento à noite o mais certo é há hora de sair de casa eu já estar
exausta e só pensar na minha cama, nem que seja por uma só hora. Ser mãe é ter
tempo para todo o resto e quase nenhum para nós.
Basicamente ser mãe é ser super mulher sem a capa. Pelo menos eu gosto
de me imaginar assim.
(Outra vez a chorar com cólicas. Demorei três horas a conseguir
finalizar este texto. Mas já está. Ufa! Já vou Luísa.)
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