15 de Abril
Quando o dia 13 de Maio chegou a ansiedade era muita. Já sabíamos desde
segunda-feira que a alta da Luísa estaria para quarta, mas com tantos avanços e
recuos nesta história confesso que estava insegura. Só iria acreditar que estávamos
livres desta etapa, quando visse a minha Apressada enfiada no ovo e dentro do
carro a caminho de casa.
Nessa manhã, depois da Luísa ter sido observada pelas médicas e tendo
já terminado todos os medicamentos, a reunião da equipa para decidir as altas
demorou uma eternidade. Do berçário víamos a sala dos médicos e eu só pensava
que eles tinham de lhe dar alta, já chegava de Hospital. A minha vontade em levar
a Luísa para casa era enorme, que até disse parvoíces. Disse ao J. que se não
lhe dessem alta que assinava o termo de responsabilidade para a levar embora.
Podem imaginar o olhar dele… Nem disse uma palavra e eu caí em mim, mas já era
o meu desespero a falar.
Ao final da manhã veio o veredicto: liberdade!!!!!! Juro que a seguir
ao nascimento da Luísa foi um dos dias mais felizes da minha vida. Foi pegar
nas trouxas e vamos para casa, antes que eles se arrependam!
Bem, na verdade não foi bem bem assim, da alta até à nossa saída ainda
tivemos de esperar quase duas horas para resolver um problema com a minha
baixa, pois a médica que a tinha passado na Neonatologia tinha-se enganado e na
Segurança Social tinham-me alertado para esse facto.
Azar do caraças – porque na nossa história as coisas nunca são
lineares, há sempre uma curva – a médica em questão estava de férias até dia 25
de Maio!!! Fiquei em desespero. Primeiro porque queria resolver aquele assunto
de vez e não ter de voltar ao Hospital nos próximos dias e depois porque também
estava farta de ir para a Segurança Social e aquela retificação era a única
coisa que me faltava entregar para me ver livre da burocracia. (Só um aparte,
eu e o J. vimo-nos à rasca para preencher a papelada da licença. Somos nós que
estamos com as capacidades mentais diminuídas ou aconteceu o mesmo a mais
alguém? Para não falar das informações díspares que íamos recebendo de todas as
vezes que íamos à Segurança Social e eramos atendidos por uma pessoa diferente.
Fenómenos!)
Felizmente, outra médica da Neo, a doutora T. veio em nosso socorro e
ajudou-nos a resolver a situação da baixa com mais papelada e declarações para
apresentar na Segurança Socia e depois de avanços e recuos lá mete-mos a
rapariga no ovo e fomos para casa.
Como pais de primeira viagem estivemos 15 minutos para conseguir
prender o ovo ao carro. Se vissem a nossa figurinha! O J. transpirou tanto a
tentar prender o ovo ao banco, que quando arrancou o carro me disse que ia
comprar o sistema de easylock (que é um balúrdio e nos vai servir para uns nove
ou dez meses…), tal o desespero. Sinceramente acho que ele mais rapidamente
termina um cubo mágico do que prende o ovo ao banco…
Depois de uma paragem na farmácia para comprar o leite da Luísa, que vai
funcionar como suplemento ao leite materno, lá chegamos a casa com direito a
berreiro. A Apressada fartinha de andar cá e lá achou que entrar em casa pela
primeira vez merecia um choro. Passou rápido, valha-nos isso!
Em casa a dúvida era a temperatura. O J. que é o homem dos calores e
eu a mulher do frio não chegávamos a acordo quanto à quantidade de roupa a pôr
na bebé. Felizmente o nosso quarto, que agora também é o quarto da Luísa, é
quentinho e basta a mesma roupa que ela usava na Pediatria e umas mantinhas.
A primeira noite foi bastante tranquila. A nossa Apressada não
estranhou a alcofa – sai à mãe que também não estranha camas – e dormiu bem.
Para mim foi mais complicado não ter as auxiliares da Pediatria a chegarem já
com o suplemento prontinho e as viagens à cozinha para fazer os biberões foram
feitas com os pés a arrastar e um olho aberto e outro fechado. Ainda assim
fiquei muito feliz por a ter ali, juntinho a nós a ouvir a respiração dela na
alcofa e nós na nossa cama. Finalmente a nossa menina estava em casa.
Foram 22 dias de Hospital desde o dia do nascimento da Luísa. Os
outros dias já vão lá atrás, já nem penso neles e parecem agora muito
distantes. Daqui para a frente vamos aproveitar ao máximo estes meses que vou
estar com ela em casa para muito mimo, muitos passeios de carrinho, muitos
momentos de contemplação. Afinal de contas a minha Apressada está em casa!!!
P.S. Enquanto esperávamos
pela alta íamos vendo na televisão as celebrações do 13 de Maio em Fátima e
porque há momentos simbólicos que não se devem ignorar o pai vai a Fátima de
bicicleta e daqui a uns meses quando a Luísa for mais crescida vai connosco ao
Santuário para assistirmos a uma missa e lembrarmo-nos que o dia 13 de Maio
será também ele o dia da nossa menina.
Sem comentários:
Enviar um comentário