15 de Fevereiro
Querida Luísa apressada,
Tu não sabes, mas na verdade a hipótese de tu vires
um dia a existir começou no “longínquo” ano de 2002.
Embora ele não se lembre (aprende que a memória dos
homens é uma coisa estranha, muito seletiva…) naquela noite de Verão, quando vi
o teu pai pela primeira vez eu soube que ele era o TAL. Ele não, mas eu soube.
Havias de o ver com cabelo aos caracóis (o que eu
ainda hoje me rio a ver as fotos dessa altura) e aquele ar calmo, que ainda
hoje conserva, acompanhado pelos amigos barulhentos e as suas piadolas.
Quis o destino que a mãe fosse estudar para a
escola do pai e o resto já deves imaginar. Girl meets boy, girl conquers boy!
Os anos foram passando cheios de coisas boas,
partilhas, aventuras e um amor crescente. Também tivemos momentos maus, mas
como nas histórias da Disney, no final o príncipe chegou e salvou a princesa.
Nem a mãe nem o pai são de grandes celebrações e
mariquices no Dia dos Namorados, mas ontem ver-me ali deitada naquela cama a
ser bombardeada com corações e frases feitas quer pela televisão, publicidade
nas revistas ou redes sociais não me estava a tornar o dia fácil.
Quando vi o teu pai entrar no quarto com um ramo de
flores e oferecer-me um porta-retratos com a única foto com ele em que estou
grávida não deu para conter as lágrimas. Tínhamos tirado aquela foto dois dias
antes do internamento, em jeito de premonição, e aquela será a imagem mais
importante de toda a minha gravidez. Estamos lá os três.
O teu pai sempre foi um homem de pequenos gestos,
mas com significado, e é por isso que eu gosto dele. Daqui a umas (muitas)
semanas seremos as duas mulheres da vida dele e vais ver como é boa a vida
assim.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarOh pá, que lindo ♥
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