18 de Fevereiro
Bem sei que terça-feira foi dia de Carnaval, mas por volta das 09:00
da manhã quando após uma ecografia uma médica me disse que eu ia ter alta,
franzi o sobrolho e achei aquilo a piada de Carnaval mais parva de se fazer.
Ainda há uma semana atrás, rodeada por quatro médicas, a sentença tinha sido a
de que iria ficar no Hospital o máximo de tempo possível, entre 8 a 10 semanas.
Mais tarde o mesmo seria reconfirmado pela minha médica assistente.
Então como é que passo de um cólo do útero reduzido que exigia
internamento prolongado para uma alta?? Para além disso, tinha passado a noite
anterior cheia de contrações. Bastaria um dia e uma noite mais tranquilas para
me mandarem embora?
Nessa manhã, durante a ecografia, a médica verificou que o meu cólo,
com o descanso, tinha aumentado 3 milímetros. 3 milímetros… Se ainda fossem 3
centímetros eu ficaria nas nuvens, porque voltava a ter um cólo bom, agora 3
milímetros?
Tentei ligar à minha médica assistente, que eu sabia que naquele dia
não estava de serviço no Hospital, mas sem sucesso. Eu queria tentar perceber o que se estava a
passar ali.
Apesar do internamento ter sido um choque a verdade é que eu me
começava a sentir segura ali, rodeada de especialistas e pensar em ir para casa
e voltar a ter uma noite de contrações assustava-me imenso.
As minhas colegas de quarto ficaram estupefactas, quando lhes contei.
Supostamente eu era o caso mais melindroso do quarto e iria ser a primeira a
sair.
Às 10:00 uma das médicas que acompanhava a médica que me deu alta veio
dizer-me que eu já podia mesmo ir embora. Parecia mesmo que queriam livrar-se
de mim. Expliquei-lhe que tinha de esperar pelo meu marido, que de momento não
estava contactável. Caramba, sem roupa nem sapatos de andar na rua, será que
elas queriam que eu viesse de chinelos, camisa de dormir e robe embora? E já
agora a pé! Uma grávida que só tinha autorização para se levantar para ir à
casa de banho.
De novo entrei noutro pesadelo. Senti-me expulsa dali e com medo do
que os próximos dias me poderiam reservar.
Assim que o J. chegou, também ele incrédulo com a alta, conseguimos
contactar com a minha médica que igualmente foi apanhada de surpresa pela
decisão da colega. Depois de averiguar com a outra doutora o que se tinha
passado ligou-nos de volta a informar que a decisão se tinha devido ao aumento
(milimétrico) do meu cólo. Disse-me então para ir para casa em repouso, mas que
qualquer sinal de alarme a ordem era para ir para o Hospital com urgência. Sem
desculpas!
A mim e ao J. ficou a sensação de que a minha médica não tinha
concordado com a decisão da colega, mas não estando no Hospital não a poderia
contrariar.
E foi assim que com o coração apertadinho, com imenso medo que a minha
Luísa voltasse a querer sair de mim, saí do Hospital para uma nova realidade e
rotinas: a minha casa.
Novo choque térmico, nova adaptação.
Aninha, desejo com todas as minhas forças que as duas Luísas continuem fortes, uma dentro da outra, obviamente! Ainda te quero ver grávida, para poder tocar na tua barriguinha! Luisinha, não sejas tão apressadinha, dá à tua mamã o prazer de te sentir dentro dela por mais algumas semanas!
ResponderEliminarAmei o teu blogue - está lindo! Vou continuar a segui-lo!
Besitos llenos de fuerza!
Obrigada Carla! Estou a tratar bem da rapariga na esperança que ela acalme e escrever faz-me muito bem. Ajuda a registar os dias e a processar/ultrapassar tudo o que se está a passar. Besitos!
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