25 de Abril
ME-NIN-GI-TE. Meningite. Ainda hoje me arrepio
sempre que ouço esta palavra, mas foi a realidade que tivemos que enfrentar
logo nos primeiros dias de vida da Luísa. Ainda hoje consigo sentir no meu
corpo o efeito que a palavra teve, quando a ouvimos da boca da médica na
Neonatologia.
Como é que a minha bebé pequenina de 2,280kg podia
ter meningite? Como?
As perguntas eram tantas, mas as respostas eram
poucas e ainda hoje não temos certezas a 100% do que lhe terá provocado a
meningite, embora o facto de que a Luísa ter nascido com uma sépsis seja em
princípio a explicação.
Lembro-me que no dia a seguir à Luísa nascer nem
conseguia atender telefonemas. Estava tão entalada, tinha tanto medo, que podia
desabar a qualquer momento e eu não queria isso. Então a nossa opção foi contar
a realidade a meia dúzia de pessoas, daquelas que nos dão ânimo e muita força,
sem estarem com perguntas constantes ou comentários que só nos fariam ter
vontade de atirar ao chão. Tínhamos 45,5cm de gente numa incubadora e isso é
que importava. Era para essa pessoa pequenina que as nossas energias tinham de
ir. Como devem entender as nossas cabeças estavam tão cheias de dúvidas, tão
cheias de incertezas quanto ao futuro, que ter de responder a essas perguntas
em voz alta era assustador, não podíamos despender dessa energia.
Os dias foram passando e exame atrás de exame tudo
era um “nim”. Algumas coisas foram logo detetadas, outras não. Começaram logo
de início com antibióticos, a Luísa só pôde beber umas gotinhas do meu leite
alguns dias depois de nascer, volta e meia vinha a médica fazer-lhe as ecos à
cabeça. E nós de coração apertadinho.
Ela lá foi melhorando até ir para a Pediatria, como
vocês sabem, e numa das noites em que o J. me revezou para vir a casa dormir
umas horas numa cama (e não num cadeirão) decidi pegar no livro – sim, porque
nestas coisas não gosto de procurar respostas na Internet – do Mário Cordeiro e
ler sobre a meningite. Quando li as sequelas que podia originar já não dormi o
resto da noite. Lesões cerebrais, problemas renais, surdez, etc.
As médicas iam-nos dizendo que a evolução da Luísa
era boa, mas nunca garantiam nada a 100%. Para melhorar o meu dia a dia,
comecei a notar que a Luísa não reagia a estímulos sonoros do lado direito e lá
começaram os macaquinhos na cabeça. No dia em que ela foi fazer o teste
auditivo, aquele percurso desde a Pediatria até às consultas externas
pareceu-me um calvário. Era como se o nosso futuro pudesse ser decidido dali a
uns minutos. Na minha cabeça comecei logo a fazer planos. Um problema auditivo
não era o fim do mundo, não íamos deixar que fosse. Íamos aprender todos língua
gestual e fazer os possíveis e os impossíveis para que a Luísa se integrasse no
seu meio, sem fazer dela uma pessoa diferente. Naqueles minutos tracei logo o
plano.
Felizmente tudo estava bem. Ela ouvia dos dois
ouvidos e dos seguintes testes que já fez até ao momento está tudo bem.
Gosto de dizer que com a ajuda dos médicos e de
Deus a minha Apressada lutou e venceu. E quem a conhece já nem se lembra que a
meningite andou naquele corpo. Ela ri, ela canta, ela dança, conta histórias,
repete tudo o que nós dizemos, faz birras, conta até 10 e do 10 ao 20 os
números são pela ordem que ela quer, sabe o nome e os sons dos animais, adora
dar miminhos e abracinhos apertadinhos. É uma criança saudável e normal.
O pesadelo da meningite foi superado, mas é uma
questão MUITO importante.
Por isso, informem-se sobre o tema. Leiam livros ou
consultem sites fidedignos na Internet. Não vão a fóruns, a não ser que sejam moderados
por entidades competentes e acreditadas. A não informação na Internet é uma
praga. Aprendam a identificar os sintomas e mesmo que vos dê um aperto na
barriga – como a mim ainda me dá – procurem saber o que é a meningite.
E, sobretudo, vacinem os vossos filhos, porque no
que toca à saúde, mais vale prevenir do que remediar. A Luísa tem as vacinas da
meningite tomadas, quer as do Plano Nacional de Vacinação, quer a que a
Pediatra aconselhou. Vale a pena.
#WinForMeningitis
http://www.prevenirameningite.pt/
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