11 de Outubro
Hoje era daqueles dias que eu tinha tudo planeado
ao minuto. Sair do trabalho, ir comprar umas coisas que me faltavam, levantar
uma encomenda, chegar a casa, preparar o jantar, arrumar quatro pilhas de roupa,
dar o jantar à Luísa, brincar um bocado com ela, começar a separar as coisas de
Inverno, juntar as peças de roupa que me emprestam para a Luísa e devolver, preparar
as coisas para o dia seguinte para não andar sempre a correr antes de sair para
o trabalho. E no final de tudo, qual descanso da guerreira, sentar-me uma hora
no sofá a ver uns dois ou três episódios de Friends (obrigada, Netflix!).
Pois. Balelas. Tretas.
Mas que raio tem o mundo contra os meus planos? Ah…
sou mãe e o mundo organizadinho em que eu vivia já não existe. Puff! Varreu-se.
Agora é um ser de quase 80cm que gere o meu dia. Porreiro, pá.
Cheguei a casa e a minha Apressada estava a dormir.
Tinha andado no passeio com o pai e nada de ter feito a sesta da tarde. Ainda
assim estava tudo encaminhado para cumprir tudo o que queria fazer. O J. saiu
para o ginásio e… começou o apocalipse.
Acordou a chorar, toda lavada em lágrimas. Peguei
nela, tentei consola-la, mas nada. Ofereci-me para cantar, coisa que a costuma
acalmar e chorou ainda mais. É certo que não canto lá grande coisa, mas a Luísa
sempre achou piada à minha voz fino-esganiçada. Liguei o santo canal Panda, mas
desta vez nem esse milagreiro me valeu. Mal começaram os Parabéns – música que
a Luísa adora – aumentou o volume do choro.
Dói-te a barriga? Dói-te a cabeça? Tens calor? Doem-te
os dentinhos? Queres comer? Dói-te o pé? Tentei de tudo. Já estava a ficar meio
desesperada. Nestas fases em que eles não sabem explicar o que têm, uma pessoa
sente-se pequenina, impotente.
Só estava bem ao meu cólo. Não a conseguia pôr no
chão nem na cadeira nem no tapete. Agarrava-se ao meu pescoço. E o tempo a
passar e eu a stressar porque não conseguia perceber o que a rapariga tinha e a
ver mentalmente os itens da minha lista de tarefas a evaporarem-se, e o jantar
que ainda não estava feito. Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
Depois de muito mimo lá acalmou um bocado, mas dar
mais de três passos da beira dela estava complicado. O jantar lá se fez, mas o
resto…
A todas vocês que trabalham oito horas ou mais por
dia, chegam a casa e ainda levam com mais três ou quatro horas de “trabalho” em
cima e que estão constantemente a adaptar horários e planos, fiquem a saber que
os meus pensamentos estão com vocês.
Vocês são do CARAÇAS! Vocês são as MELHORES!
Agora vou só ali desmaiar na cama, que tanto cólo
acordou o meu nervo ciático.
É a vida, Ana!
;) Lei de Murphy da Maternidade: Podes fazer lindos planos, muito bem organizadinhos, mas eles vão acabar por ir por água abaixo...
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