03 de Abril
Ontem fizemos 33 semanas. A Luísa tem crescido bem, já tem 1,700kg e
cada vez a sinto mais forte e apertada na minha barriga.
Há uns meses atrás imaginava-me chegar a esta fase com uma mega
barriga, uma vida mais calma e a aproveitar as últimas semanas de alguma paz
até ao nascimento. Pensei que ia ter tempo para um fim-de-semana a dois antes
de passarmos a ser três, que iria ter o quartinho todo pronto pelas minhas
mãos, que a Páscoa seria registada com muitas fotografias da minha mega barriga
e os meus primos à minha volta.
Mas se há coisa que nos últimos anos tenho aprendido é que os planos
alteram-se (e acreditem que eu era a mulher dos planos, das listas e da
organização mental) e esta cachopa já me está a ensinar isso bem antes de
nascer. Hoje vivo um dia de cada vez, uma etapa de cada vez.
Primeiro foi o aguentar o repouso sem ficar maluca. Deixar o meu
trabalho de um dia para o outro, com tanto que tinha de fazer naquela semana e
habituar-me a viver num Hospital, onde a minha profissão passou a ser
incubadora viva de uma bebé.
Depois foi voltar a casa e adaptar-me a estar aqui, a olhar para as
minhas coisas e não puder fazer nada, a ter que depender da minha aldeia para
me fazer tudo.
Em seguida foi voltar ao Hospital e mentalizar-me de que lá iria ficar
até às 35 semanas e que depois disso teria uma liberdade relativa. Acreditem
que foi essa ideia de liberdade relativa que me deu forças (também tive as
minhas quebras) para aguentar mais de 20 dias de internamento.
Agora, já em casa, a sentir-me cada vez mais pesada, a caminhar à
pato, cansada desta vida tão sedentária vejo os dias a passar um a um e o
nervoso miudinho a instalar-se. É certo que fiz um acordo com a Dr.ª A. de que
só voltava a pôr os pés no Hospital lá para as 37 semanas, mas todos sabemos
que isso depende pouco da minha vontade e mais do meu corpo e da Luísa.
Todos os dias de manhã acordo e penso: será hoje? Apesar de todos
sabermos que o fim desta jornada será o nascimento da Luísa a verdade é que eu
tenho medo, não sei o que aí vem e a ansiedade tende a instalar-se. Será que
vou aguentar até às 35? Ou será que vamos conseguir até às 37? Ou será que
estas longas semanas de repouso vão fazer tanto efeito que vamos conseguir
chegar ao mês de Maio? Não tendo bola de cristal é claro que não há respostas a
estas perguntas.
Já fiz imensos cenários na minha cabeça. Já imaginei que acontece de
noite e que tenho de acordar o J., que vai ficar elétrico. Já imaginei que
acontece durante o dia. Já cruzei os dedos para que no dia esteja de urgência a
minha médica ou então alguma das médicas que conheci no Hospital e as quais me
dão muita confiança. Felizmente passei pelas mãos de muitas e muitos e são bastantes
os nomes que me dão calma. Depois penso nas enfermeiras e peço para que me
façam um corte bonitinho, nada de coisas aos zig zags…
Enfim, para não ficar maluca, tento distrair-me com livros, jornais,
tv, séries, mas a verdade é que o nervoso miudinho se instalou. Eu sei que no
dia vou estar calma. Em situações limite o meu corpo desacelera para depois dar
o máximo quando é preciso e dispenso pessoas stressadas, mas não saber qual
será o dia é que é do caraças…pardon my
french.
Vida de mamã é difícil! E o nervosismo miudinho está sempre aí, seja quando ainda o/a sentimos no conforto da nossa barriguinha, seja quando já estão cá fora... Mas não a trocaríamos por nada, pois não?
ResponderEliminarBeijinhos enormes para as duas e, Luisinha apressada, ouve a mamã, nada de já quereres mostrar quem é que manda ;)