19 de Junho
Estas férias fizemos uma verdadeira caça às sopas.
Como íamos para um hotel e queríamos aproveitar para passear um pouco estava
fora de questão levar a Bimby atrás e os tupperwares. Sendo assim só nos
restava procurar sopas para a Luísa e a tarefa nem sempre foi fácil.
Agarrados ao facto de nos dizerem que a partir do
ano de idade os bebés já comem praticamente de tudo lá fomos nós com a
esperança de encontrar belas sopas. Uma coisa eu já tinha quase como garantido:
a Luísa ia adorar o sabor do sal.
Primeira incursão pelas sopas de restaurante: caldo
verde. E eu a pedir a todos os santinhos para que a rapariga não fizesse reação
às couves, porque na sopa dela couve só ainda tinha entrado a branca e uma vez
a de coração. Couves passadinhas e sem chouriço era vê-la a comer o caldo a
todo o vapor. A colher ainda não tinha regressado ao prato para ser enchida
novamente e a rapariga já tinha a boca escancarada a querer mais.
Depois desta primeira abordagem ficamos mais
descansados quanto a alimentação dela durante estes dias e a pergunta “Tem
sopa?”, passou a fazer parte do nosso dia a dia.
À hora das refeições basicamente só nos sentávamos à
mesa depois de perguntar se tinham sopa passada. Escolhíamos os sítios em
função dela.
O pior foi quando uma noite, depois da pergunta da
praxe e já a consultar o menu, nos vieram avisar que a sopa tinha acabado. O
pânico!! Não é que a Luísa não coma carne ou peixe, mas a sopa dá-nos sempre
aquela segurança de que pelo menos metade do estômago já está preenchido. Além
de que há dias em que ela come bem o segundo prato e noutros prefere fazer
bolas de peixe ou de carne e acabar por pôr fora a comida.
Subiu-me assim uns calores corpo acima e estive
prestes a passar-me com o empregado. Como é que ainda há cinco minutos tinham
sopa e agora já não?? Era de uma bebé que estávamos a falar e não de um adulto,
que se não tiver sopa come qualquer coisa. Mas engoli, calei-me e achei que em
nada iria resolver o assunto eu passar-me.
Como o J. queria jantar nesse restaurante e os das
redondezas também estavam cheios, foi então aos do lado saber se tinham sopa.
Fiquei eu a fazer o pedido – já sem vontade nenhuma de comer – e ele com a
menina ao cólo, a parecer um pedinte, a perguntar porta sim, porta sim se
tinham sopa.
Depois de ter entrado em pelo menos quatro ou cinco
restaurantes lá descobriu um que ainda tinha sopa passada, mas não o deixavam
trazer o prato da sopa para a nossa mesa, uma vez que estávamos na
concorrência. Deviam ter medo que fugíssemos com o prato…Enfim. Pois bem, lá
teve a minha Apressada que comer a sopinha no cólo do pai, ao balcão.
A seguir a esse episódio as seguintes refeições
foram mais tranquilas, à exceção do almoço antes de regressarmos a casa. Como
nos queríamos fazer à estrada cedo, decidimos fazer o check out e almoçar mesmo
pelo hotel, seguindo depois viagem.
O almoço era buffet – coisa que o J. adora, até lhe
brilham os olhos – e à pergunta do costume o chefe de sala disse logo que tinha
sopa, não havia problema nenhum.
Quando me chega à mesa com uma sopa de coentros e
eu a ver aquelas folhas trituradas, a boiar no caldo, pensei logo que era daquela
que a Luísa ia fazer cara feia. Provei a sopa e a mim não me convenceu. E eu
gosto de sopas! Agora, de coentros?? Hell no! Mas mais uma vez a minha cachopa
mostrou que é todo o terreno e marchou a sopa toda de coentros.
A tropa manda desenrascar, não é assim que se diz?
Por estes lados levamos isso a sério e a descomplicar. Durante uns dias comeu
sopa com sal, agora voltou às sopinhas dela com montes de legumes e sem sal.
Nenhum problema, nenhuma reação alérgica, nenhuma esquisitice.
A minha Apressada gosta de passeio nem que para
isso tenho de comer sopa de coentros.
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