21 de Março 2020
Uma semana de quarentena em casa. Sobrevivemos.
Quase todos os dias acordo a pensar se esta história do Covid-19, para
os amigos Coronavírus, é verdade. Depois basta ligar a televisão para ter a
confirmação.
Por outro lado, eu já tive treino de “quarentena” há cinco anos atrás,
graças à Luísa apressada, e tendo em conta que na anterior tinha de ficar na
cama de um hospital, acho que nesta estou a sair beneficiada…porque pelo menos
me posso mexer e estou na minha casa.
O cenário é assustador, sabemos que o Sistema Nacional de Saúde não
vai ter capacidade de resposta (nenhum o tem), se os casos começarem a escalar
como em países como Itália ou Espanha, aqui perto. Por outro lado, temos um
Governo e Presidente da República que fazem discursos vazios de conteúdo, como
se num momento todos os portugueses ficassem desprovidos de inteligência. Nem
falemos das medidas anunciadas. Temo que grande parte delas são “para inglês
ver”.
Também não sou ingénua ao ponto de achar que se fecha tudo sem adivinhar
que daí não virão consequências económicas muito graves. Sim, vai haver
despedimentos. Sim, vai haver falências. E logo agora que parecia estar o país
a equilibrar, pensa muita gente. Mas de que me adianta ter dinheiro no bolso se
não tiver as minhas avós cá? De que me adianta ter dinheiro no bolso se eu
tiver sido o elemento que contagiou outras pessoas, que por sua vez contagiaram
mais umas quantas?
Este vírus tem de servir para algo, bolas! Tem de servir para sermos
humanos de novo, sentirmos que a presença dos que amamos pode estar em risco e
agirmos, pelo amor que lhes temos. Não podemos chegar ao ponto de ter de
entregar a responsabilidade a um médico de escolher quem se salva e quem morre,
quando o SNS estiver a rebentar. Porque é isso que vai acontecer se
continuarmos a ter estado de emergência, mão não ter; a ter negócios
obrigatoriamente encerrados, mas não ter.
O planeta já está a falar para nós, a mostrar que a regeneração é
sempre possível. O que não tem solução é a morte.
Por isso Luísa, ao Governo de Portugal eu peço que não nos mintam, que
sejam audazes, que não pensem politicamente (ingénua, eu sei!). Trabalhem com o
tempo e não contra ele, permitam ao país parar, curar-se e quem sabe algum dia
em Hollywood façam um filme sobre esta “guerra”, mas com um final feliz.
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