16 de Abril
Já perdi a conta a quantas vezes já disse: “Boca nãooooo!!”. É
simplesmente a frase mais repetida por mim, todo o santo dia.
Com dentes a nascer desde os quatro meses, cedo a Luísa começou a
morder este mundo e o outro na ânsia de se aliviar destes malditos pedacinhos brancos
que teimam em romper as gengivas e dar muita comichão (para não falar de outras
reações “giras”, tipo febres, tosses, etc).
E pensam vocês, ora aí está uma boa oportunidade para lhe dar aqueles
brinquedos feitos exclusivamente para aliviar essas comichões. E respondo eu,
pois era, mas cá em casa existem uns quatro desses brinquedos e a rapariga em
poucos segundos se farta e os manda ao chão. Demasiado moles… E o que gosta ela
de morder em alternativa? Tudo o que de rijo lhe vier à mão. Colheres de
sobremesa, tupperwares, fivelas dos sapatos (se me distraio 3 segundos), pentes,
bisnagas de cremes, botões, comandos da televisão e as partes em plástico dos
cintos do ovo e da cadeira de refeições.
Por este andar qualquer dia descobre que a madeira da mobília da sala
é boa para roer e desata a deixar marcas por todo o lado.
Ainda hoje nas compras conseguiu morder uma caixa de chicletes que o pai
lhe deu para a mão porque fazia barulho e ainda tentou roer o carrinho das
compras, que eu antes de a pôr lá sentada tinha limpo com álcool. (Sim, fui de
compressas e álcool em punho e era ver-me a esfregar o carrinho no parque de
estacionamento).
Não sei quando é que isto vai parar, mas atrevo-me a dizer que a minha
filha descobre o mundo simplesmente provando-o. Começo a achar que ela
identifica as coisas pelo seu sabor. Sim, porque lamber vidros ou espelhos
também é coisa que gosta bastante de fazer.
Com tanta “degustação” juro que ainda estou para descobrir como é que
ainda só apanhou uma virose. Têm de ser muito resistentes, os bebés.
Enquanto isso resta-me continuar a repetir “Nãooo!” e “Para a boca
nãooo!”, mas com a certeza de que ela tomou o gosto ao mundo e agora não há
forma de contornar a coisa. Vai continuar a descobri-lo com a ajuda da boca.
Pena é que agora faça fitas para “descobrir” a sopa… quiçá ela ache
que a sopa não tem o sal do mundo.
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