19 de Julho
Na semana passada voltei ao Hospital. E foi um voltei mesmo no
singular. A Luísa não foi, pois para ela já chegam os dias lá passados e o seu
regresso só mesmo para as consultas de rotina na Pediatria.
Voltei àquela que foi a nossa segunda casa durante tanto tempo, mas
por uma boa razão. Fui fazer uma entrevista, que assim que estiver toda
prontinha e publicada na imprensa local também colocarei aqui no blog, pois
acho que tem informação muito reconfortante para quem, como eu, acredita no
Sistema Nacional de Saúde e nos seus profissionais.
No entanto, não deixei de sentir um friozinho na barriga, nesse dia,
ao fazer o mesmo percurso que durante 22 dias me ligou ao Hospital após o
nascimento da Luísa.
Ao sair de casa confesso que revivi aqueles dias e doeu, ainda dói
quando me lembro. Primeiro, quando a Luísa ficou na Neonatologia e todos os
dias de manhã saía de casa às 08:30, com uma saudade e ansiedade louca para ver
a minha bebé que dormia longe de mim, mas ao cuidado de muitas fadas madrinhas
(as enfermeiras e auxiliares da Neo). Depois lembrei-me dos restantes dias na
Pediatria, em que vinha a casa só tomar banho e regressava para enfrentar mais
uma noite no cadeirão ao lado da minha Apressada. Apesar da estadia na Neo ter
sido a pior para a Luísa, pois uma Neo é uma Unidade de Cuidados Intensivos a
bebés e se ela lá estava era porque ainda havia perigo, a verdade é que foi a
Pediatria que me “traumatizou”. Pensar naqueles 13 dias em que vivi numa
espécie de aquário a olhar quase 24 horas por dia para a minha bebé, com uma
vontade enorme de a ter em casa e os sucessivos adiamentos da despedida…não sei
explicar, mas acho que aquele berçário não está pensado para as mães ganharem
forças.
Bem, mas afastados estes dias, agora também não interessa estar sempre
a revivê-los e há-de chegar o momento em que já nem me lembrarei deles, assim
como passado umas horas já nem nos lembramos da dor do parto.
Melhores dias chegaram, a Apressada está a crescer a bom ritmo e já dá
pesagens de que eu e o pai nos orgulhamos e sorrisos de orelha a orelha. Já vai
ensaiando uns sonzinhos e qualquer dia vai ser ouvi-la a palrar e a dobrar o
riso.
E que todos os meus regressos ao Hospital sejam agora por motivos
bons.
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