17 de
Dezembro
“May the Force be with you” podia bem ter sido o lema para os nossos
longos dias de internamento enquanto grávidas, mas por acaso não foi.
Dos meus dois internamentos enquanto grávida de risco muitas outras passaram
pela minha vida. Recordo com muito carinho a D. que era a relações públicas do
quarto, a M. que todos os dias tinha a visita dos seus meninos cheios de
saudades dela, a M. mãe do Tomás (já pus a Luísa na fila de pretendentes ao rapazote)
e que mais tarde nos voltamos a encontrar no meu segundo internamento. Já desse
segundo regresso ao hospital recordo a A. que falava pelos cotovelos, a mãe do
Gustavo que ainda outro dia tive o prazer de conhecer já fora da barriga, a O. que
tantos dias penou naquela cama sem se puder levantar a bem das suas meninas e
por fim, mas não menos importante, a C., a mãe dos gémeos.
Todas elas me marcaram, mas posso dizer que a C. ficou com um
lugarinho especial no meu coração. Também foi a que me teve de aturar mais
tempo.
E como é que eu soube que eu e ela, o meu J. e o R. dela nos íamos dar
muito bem? Pois foi quando num horário de visitas eu e o J. olhamos para o R. e
ele estava a fazer duas babetes para os gémeos com as personagens do Star Wars.
Sim, do Star Wars!! Ele não as fez com uns barquinhos ou uns carrinhos ou coisa
do género. Não, o R. quis logo mostrar aos gémeos, mal nascessem, que a Força
estaria neles e que iam andar com um R2D2 ou um Yoda… a limpar-lhes a baba. Eu
espero que eles não me matem por estas confidências, porque no fundo são coisas
deles que eu estou aqui a contar a meio mundo, mas o que nós nos divertimos a
ouvir o R. dizer que ia fazer a mala de maternidade dos meninos numa mala que
ele tem em forma de capacete do Darth Vader. Até nos mostrou a foto da mala,
mas depois não sei se a C. o deixou seguir avante com esse plano.
Certo é que os gémeos já foram conhecer a Força que eu vi uma foto
deles e as suas babetes a rigor na Comic Con, ao lado do pai vestido de Jedi.
Já a C. está com aquela cara de paciência que uma mulher de um fã de Star Wars
tem de ter, quando eles insistem em fazer batalhas de lightsabers ou os usam
para que os filhos parem de chorar, só de olhar para a luz.
O tema Star Wars foi só um pormenor, na verdade, porque passamos
tantos dias juntas (24horas por dia) que muitas outras coisas em comum
encontramos.
Das coisas que ainda hoje me lembro e não consigo evitar rir-me com a
situação eram as picadas da C. Para além de um problema igual ao meu a C. tinha
ainda diabetes gestacional, o que a obrigava a picar-se várias vezes por dia e
a ter de seguir uma dieta rígida sem doces e outras coisas que animam os dias
de uma grávida internada. Pois bem, (e na esperança de que nenhuma enfermeira
ou médica do hospital leia o blog) a verdade é quando a C. comia o que
supostamente devia comer os níveis andavam descontrolados. Era o pânico! Mas
quando a minha mãe à socapa lhe trazia uma fatia de bolo de chocolate, uns
moranguinhos com açúcar ou a C. comia as super doces bolachas dela os valores
estavam sempre bem. E, claro, nós divertíamo-nos com a situação. Divertíamo-nos
tanto que uma vez o marido de uma grávida que estava connosco nos trouxe de
surpresa hambúrgueres e batatas fritas do McDonalds, a C. comeu aquilo e os
níveis continuavam bem. Depois era vê-la comer a dieta do hospital e voltar ao
drama dos níveis altos de açúcar no sangue.
Quando eu tive alta, ela ainda ficou e só saiu de lá com os seus dois
rapagões nos braços. E que rapagões! Ainda hoje penso como é que ela, tão
pequenina e magrinha, conseguiu dois belos rapazotes, que nem à Neonatologia
tiveram de ir. Daí eu achar que de facto a Força está com os gémeos. Nova
geração de Jedis a caminho. Está visto.
Já a nossa Apressada, aqui confesso, que quando nasceu lhe chamávamos a
nossa Wookiezinha, em homenagem ao Chewbacca, dada a quantidade de pelo que a
rapariga tinha (é normal nos bebés, não se assustem!)
Beijinhos para os quatro e Bom Natal para todos!!