domingo, 19 de junho de 2016

Férias – Parte 2: “Olá! Tem sopa?”



19 de Junho

Estas férias fizemos uma verdadeira caça às sopas. Como íamos para um hotel e queríamos aproveitar para passear um pouco estava fora de questão levar a Bimby atrás e os tupperwares. Sendo assim só nos restava procurar sopas para a Luísa e a tarefa nem sempre foi fácil.

Agarrados ao facto de nos dizerem que a partir do ano de idade os bebés já comem praticamente de tudo lá fomos nós com a esperança de encontrar belas sopas. Uma coisa eu já tinha quase como garantido: a Luísa ia adorar o sabor do sal.

Primeira incursão pelas sopas de restaurante: caldo verde. E eu a pedir a todos os santinhos para que a rapariga não fizesse reação às couves, porque na sopa dela couve só ainda tinha entrado a branca e uma vez a de coração. Couves passadinhas e sem chouriço era vê-la a comer o caldo a todo o vapor. A colher ainda não tinha regressado ao prato para ser enchida novamente e a rapariga já tinha a boca escancarada a querer mais.

Depois desta primeira abordagem ficamos mais descansados quanto a alimentação dela durante estes dias e a pergunta “Tem sopa?”, passou a fazer parte do nosso dia a dia.
À hora das refeições basicamente só nos sentávamos à mesa depois de perguntar se tinham sopa passada. Escolhíamos os sítios em função dela.

O pior foi quando uma noite, depois da pergunta da praxe e já a consultar o menu, nos vieram avisar que a sopa tinha acabado. O pânico!! Não é que a Luísa não coma carne ou peixe, mas a sopa dá-nos sempre aquela segurança de que pelo menos metade do estômago já está preenchido. Além de que há dias em que ela come bem o segundo prato e noutros prefere fazer bolas de peixe ou de carne e acabar por pôr fora a comida.

Subiu-me assim uns calores corpo acima e estive prestes a passar-me com o empregado. Como é que ainda há cinco minutos tinham sopa e agora já não?? Era de uma bebé que estávamos a falar e não de um adulto, que se não tiver sopa come qualquer coisa. Mas engoli, calei-me e achei que em nada iria resolver o assunto eu passar-me.

Como o J. queria jantar nesse restaurante e os das redondezas também estavam cheios, foi então aos do lado saber se tinham sopa. Fiquei eu a fazer o pedido – já sem vontade nenhuma de comer – e ele com a menina ao cólo, a parecer um pedinte, a perguntar porta sim, porta sim se tinham sopa.

Depois de ter entrado em pelo menos quatro ou cinco restaurantes lá descobriu um que ainda tinha sopa passada, mas não o deixavam trazer o prato da sopa para a nossa mesa, uma vez que estávamos na concorrência. Deviam ter medo que fugíssemos com o prato…Enfim. Pois bem, lá teve a minha Apressada que comer a sopinha no cólo do pai, ao balcão.

A seguir a esse episódio as seguintes refeições foram mais tranquilas, à exceção do almoço antes de regressarmos a casa. Como nos queríamos fazer à estrada cedo, decidimos fazer o check out e almoçar mesmo pelo hotel, seguindo depois viagem.

O almoço era buffet – coisa que o J. adora, até lhe brilham os olhos – e à pergunta do costume o chefe de sala disse logo que tinha sopa, não havia problema nenhum.
Quando me chega à mesa com uma sopa de coentros e eu a ver aquelas folhas trituradas, a boiar no caldo, pensei logo que era daquela que a Luísa ia fazer cara feia. Provei a sopa e a mim não me convenceu. E eu gosto de sopas! Agora, de coentros?? Hell no! Mas mais uma vez a minha cachopa mostrou que é todo o terreno e marchou a sopa toda de coentros.

A tropa manda desenrascar, não é assim que se diz? Por estes lados levamos isso a sério e a descomplicar. Durante uns dias comeu sopa com sal, agora voltou às sopinhas dela com montes de legumes e sem sal. Nenhum problema, nenhuma reação alérgica, nenhuma esquisitice.

A minha Apressada gosta de passeio nem que para isso tenho de comer sopa de coentros.


terça-feira, 14 de junho de 2016

Férias – Parte 1: “Olá! Olá!”



14 de Junho

Por estes dias a palavra que tanto eu, como o J. mais ouvimos é olá. Até à exaustão. E não, nem estou a falar da música comemorativa dos 20 anos do canal Panda, cuja melodia já ouvi tantas mães e pais a trautear por esse país fora.

Embora já diga mamã e dá, a verdade é que acho que podemos considerar olá como a primeira palavra da Luísa. É que olá ela sabe aplicá-la no momento certo e já entende o seu significado, já mamã tanto serve para mim, como para o pai e às vezes é capaz de estar minutos a “cantar” mamã sem que nos pareça que esteja a chamar por um de nós. Já o dá só diz quando lhe convém, principalmente quando no horizonte está alguma coisa que ela goste de comer…

Aproveitando o feriado tiramos uns dias de férias e para além das rotinas diferentes e novos ambientes que em nada assustam a nossa Apressada (temos rapariga mais do que apta ao passeio) chegamos à conclusão que temos uma filha que só quer ser o centro das atenções. Medo. E que já se acha um máximo. Medo a dobrar.

Basicamente em qualquer restaurante, café ou piscina por onde passamos a Luísa tentava interagir com qualquer pessoa…provocando-a. E como? Com uns quantos olás e acenos de mãos (às vezes na casa das dezenas) até a pessoa visada não puder fazer de conta que não a ouvia e ter de reagir.

Às vezes a coisa corria-lhe bem e lá acertava em alguém que lhe achava graça e conseguia os seus minutos de glória e gabarolice. Outras vezes errava no alvo e lá levava com um sorriso amarelito de quem já não tem pachorra para aturar bebés pequeninos. O problema é que nestes casos ela não se dava por rogada e insistia nos olás, como quem diz é só isso que tens para mim? E nessas alturas lá tínhamos nós que tentar desviar-lhe a atenção e pedir desculpa à pessoa em causa, que depois de trinta olás já estava com aquela cara de poucos amigos.

Mas quem é que sinceramente consegue resistir ou ser meio antipático a uma bebé de sorriso fácil, cara redondinha e de carrapito no ar, qual palmeira? Bahhh. Adultos. É verdade que a rapariga às vezes até se tornava chata, mas é só uma bebé. O pior de ser adulto é quando nos esquecemos do que é ser criança.

Em casos extremos o sucesso foi tanto, que uma menina de uma casa de waffles não resistiu e andou com ela ao cólo. Aí é que dona Luísa se sentiu nas nuvens. Todo o seu esforço tinha sido recompensado com uma voltinha pelo estabelecimento comercial para ver uns passarinhos no tecto.

Ou, por exemplo, no bar do Hotel enquanto eu pedia água quente para o biberão, contou-me o J. que primeiro tentou meter-se com um senhor. Não tendo sucesso mudou o alvo para uma senhora que estava mais interessada em ver o jogo de Itália do que perder tempo com ela. A sorte chegou-lhe em forma de um casal de brasileiros que lhe acharam um piadão e se riam a cada olá e aceno que ela fazia. Era vê-la toda contente com o seu sucesso.

Habituada a ser o centro das atenções da família a nossa Apressada não aceita caras carrancudas e na falta de atenção dispara uns olás.
A continuar assim não vai herdar a timidez do pai ou a vergonha da mãe.

Olá! Olá! Eu estou aqui!